Veja como a região trata o tema, importante para reduzir plástico no mar
O estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que apontou o estuário de Santos como um dos locais mais contaminados por microplásticos no mundo (veja mais abaixo), joga luzes sobre um importante elemento da cultura ambiental: a coleta seletiva de lixo.
“A longo prazo, a coleta seletiva pode colaborar para mudar esse panorama, desde que, após ser feita, haja um destino adequado para cada um dos materiais recolhidos”, afirma Ítalo Braga de Castro, professor e pesquisador do Instituto do Mar.
“No caso do estudo de Santos, a gente vê que a maior parte (do plástico) vem de roupas, de fibras têxteis. Ela é um fator dentro de uma equação ainda mais complexa, junto com implementação de novas tecnologias, e mudança de tratamento de esgoto, por exemplo”, completa
Segundo ele, o Brasil só recicla 4% dos resíduos sólidos coletados – a média mundial é 9%. “Além de implantar a coleta seletiva, é preciso ter plantas de reciclagem. A partir daí, são necessárias políticas públicas para redução de lixo, de plásticos de uso único (pratos, talheres, copos), assim como políticas para a indústria no desenvolvimento de tecnologias alternativas”.
Santos lidera Santos, cidade mais populosa da região, se destaca na coleta seletiva de lixo, realizada desde 1991. Só no ano passado, foram 19 mil toneladas, número superior a 2021, com 10,1 mil toneladas. O índice representa 12,57% do total de lixo recolhido na Cidade, contra 6,7% em 2021 e 7,74% em 2020.
A avaliação dos especialistas da Secretaria de Meio Ambiente (Semam) é de que essa diferença nos índices, em especial durante o auge da pandemia, reflete mudança de postura e hábitos de consumo no período, em que embalagens não eram separadas como de costume, por conta do receio de contaminação com o coronavírus.
Praia Grande, dona do maior crescimento populacional em 12 anos (de 262 mil para 349,9 mil), também apresenta números significativos. De janeiro a junho, foi gerada uma média mensal de 160,8 toneladas de resíduos recicláveis recolhidos, entre coleta seletiva e nos Ecopontos.
Em Guarujá, a média mensal é de 195,7 toneladas de resíduos. Nos últimos cinco anos, foram coletadas 12 mil toneladas. Já em Cubatão, de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, a coleta seletiva voltou a ser realizada em 22 de maio. De 5 de junho a 4 de julho, data da última medição, foram coletados 36,9 toneladas. Desse total, 8,7 toneladas foram rejeitos (material que não serve para reciclagem).
Já em São Vicente, conforme a secretária de Meio Ambiente, Flávia Ramacciotti Cesar de Oliveira, no ano passado foram coletadas 1.491 toneladas de resíduos secos, uma média mensal de 125 toneladas.