“A ciência é universal e não há dúvida de que os melhores cientistas adotam uma abordagem global em seus trabalhos. Isso se reflete na qualidade da pesquisa feita no Reino Unido derivada de colaborações internacionais, que é muito alta”, disse Sir Mark Walport, diretor executivo da UK Research and Innovation (UKRI), na abertura da FAPESP Week London, nesta segunda-feira (11/02) na capital britânica.
Walport falou para um auditório completamente lotado na Royal Society, a célebre academia britânica que foi presidida por Isaac Newton de 1703 a 1727. O evento, realizado no âmbito do Ano Brasil-Reino Unido de Ciência e Inovação, reúne cientistas de várias instituições britânicas e brasileiras em apresentações, debates e estabelecimento de parcerias nas mais diversas áreas do conhecimento.
Segundo Walport, a importância das colaborações internacionais em pesquisa para o Reino Unido pode ser demonstrada pela parceria mantida com a FAPESP, que inclusive é uma das três agências estrangeiras destacadas no site da UKRI.
A FAPESP e os conselhos britânicos lançam frequentes chamadas de propostas para apoiar projetos de pesquisa submetidos por pesquisadores no Estado de São Paulo em colaboração com colegas no Reino Unido. As chamadas, em todas as áreas do conhecimento, envolvem também instituições como o British Council e mecanismos de financiamento como o Fundo Newton.
“Estou encantado com a extensão e a amplitude da colaboração que mantemos com a FAPESP. Acho que o modelo de fundações estaduais [de apoio à pesquisa] é extraordinário e extremamente bem-sucedido, como podemos ver a partir da atuação da FAPESP”, disse Walport.
“Nosso trabalho, na UKRI, é permitir que nossos pesquisadores trabalhem com as melhores pessoas, não importa onde elas estejam. Por isso, temos uma série de acordos de cooperação com a FAPESP que facilitam com que pesquisadores do Reino Unido e do Estado de São Paulo trabalhem juntos. Desde 2009, quando assinamos o primeiro acordo com a FAPESP, a UKRI apoiou 32 projetos de pesquisa, com valor total superior a £ 16 milhões”, disse Walport.
A UKRI (antes RCUK, Conselhos de Pesquisa do Reino Unido) é a organização responsável pelo financiamento público para pesquisa e inovação no Reino Unido. Com orçamento anual de mais de £ 7 bilhões, a UKRI reúne os sete conselhos de pesquisa no Reino Unido: Arts and Humanities Research Council (AHRC), Biotechnology and Biological Sciences Research Council (BBSRC), Economic and Social Research Council (ESRC), Engineering and Physical Sciences Research Council (EPSRC), Medical Research Council (MRC), Natural Environment Research Council (NERC) e o Science and Technology Facilities Council (STFC).
Também integram a UKRI a agência de apoio à inovação Innovate UK e o novo Research England, conselho responsável por supervisionar as atividades de pesquisa e inovação em instituições de ensino superior no Reino Unido.
“Concedemos 3,9 mil auxílios à pesquisa a cada ano e temos cerca de 2,4 mil projetos colaborativos liderados por empresas e cerca de 200 parcerias que chamamos de Transferência do Conhecimento. Recebem financiamento da UKRI 151 universidades britânicas, além de 38 institutos, laboratórios e outras unidades de pesquisa e inovação”, disse Walport.
“O objetivo da UKRI é fazer do Reino Unido o melhor local possível para pesquisadores e inovadores”, disse.
Professor de Medicina no Imperial College London, Walport foi o principal conselheiro científico do governo britânico e chefe do Office for Science. Foi diretor do Wellcome Trust e chefe da Divisão de Medicina do Imperial College London. Cavaleiro da Ordem do Império Britânico desde 2009, foi eleito fellow da Royal Society em 2011.
Interesse global
Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, falou no evento sobre a importância da ciência, tecnologia e inovação produzidos no Estado de São Paulo. “Apesar de ter apenas 3% da área do país, o Estado de São Paulo produz metade da ciência feita no Brasil. Mais do que o tamanho, porém, o que distingue a ciência em São Paulo é a qualidade”, disse.
“Um exemplo disso é a participação significativa de empresas e do setor privado, considerando o tamanho do investimento ou a porcentagem de pesquisadores. Outro exemplo é a estabilidade. Apesar das dificuldades econômicas do Brasil, no Estado de São Paulo a Constituição garante um financiamento estável à pesquisa por meio da FAPESP”, disse Zago.
“Na FAPESP, temos também ampliado as colaborações internacionais como uma ferramenta para promover a qualidade em pesquisa em temas de interesse global. A FAPESP promove isso de várias formas, como por meio do apoio a projetos internacionais que envolvam pesquisadores ou centros de pesquisa no Estado de São Paulo. Outra forma é trazer pesquisadores de outros países para participar da vida científica ou conduzir projetos de pesquisa no Estado de São Paulo”, disse.
Confira a matéria completa no site da Agência Fapesp.
(Agência Fapesp)
(Foto: )