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Gazeta Mercantil

CNPq prepara o País para receber a Internet 2 (1 notícias)

Publicado em 17 de novembro de 1998

Por Deise Leobet - de Brasília
Empresas, pesquisadores e o governo brasileiro já começaram a dar os primeiros passos para inserir o País na nova fase da rede mundial de computadores: a Internet 2, uma versão mais moderna, ágil e eficiente do atual sistema. Desde setembro, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) vem executando uma série de projetos pilotos para a viabilização da Internet 2 em 12 regiões metropolitanas do País. Com uma capacidade futura de transmissão de dados pelo menos 75 vezes maior do que a atual rede de computadores — passando de 2 megabites (dois milhões de bites) por segundo para algo em tomo de 155 megabites por segundo — a Internet 2 deverá superar grande parte das deficiências da Internet 1. Segundo o coordenador de tecnologia e informação do CNPq. Celso Deusdeti Costa, com o novo sistema situações hoje corriqueiras, como longas esperas para acessar "sites", principalmente os que contêm imagens e sons, e resolução de baixa qualidade, serão coisas do passado. Outra mudança será a visualização das imagens planas. A Internet 2 possibilitará a transmissão de imagens em três dimensões. A velocidade e a eficiência prometidas devem impulsionar setores importantes. Entre eles o comércio eletrônico (interno e externo), educação e saúde, além de abrir mercado para o desenvolvimento de novos softwares e outros produtos. Por causa disso, as primeiras ações experimentais propostas pelo CNPq foram direcionadas para as áreas de educação à distância, de teleprocessamento, de diagnóstico médico remoto, de criação de procedimentos nacionais de gerência de redes e de projetos de imagem em três dimensões. "A nossa proposta é criar um ambiente que possibilite a implantação da Internet 2 no Brasil em um futuro próximo, através da capacitação de recursos humanos e de desenvolvimento de tecnologias", disse Costa. Com esses experimentos, o Brasil pretende situar-se em um patamar semelhante ao dos Estados Unidos, Canadá, Europa e Ásia, países onde as pesquisas referentes à Internet 2 já estão bastante adiantadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, já existe um consórcio formado exclusivamente por empresas privadas para avançar nos estudos sobre a nova versão da Internet. Segundo Costa, para uma País de grandes extensões geográficas como o Brasil, a Internet 2 significará uma revolução no uso de novas tecnologias. Um dos desafios para os próximos anos será o desenvolvimento de "backbonds" (malha de pontos interligando várias localidades) com estrutura suficiente para fazer a transmissão de dados. As atuais malhas de cabos de fibra ótica que servem a Internet 1 não terão capacidade para atender a demanda da Internet 2. Será necessário implantar "backbonds" com cabos de fibra ótica de maior dimensão. Esse aspecto foi decisivo para a escolha das 12 regiões metropolitanas que participam do projeto piloto da Internet 2. Costa informou que as regiões metropolitanas de Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Salvador, Florianópolis, Recife, Campinas, Natal e São Luiz foram selecionadas por oferecerem infra-estrutura adequada e pela existência de parceiros dispostos a se engajar ao projeto. Em cada uma dessas localidades estão sendo instaladas pequenas redes de cabos de fibra ótica de alta capacidade de transmissão que são conectadas com os parceiros. O processo envolve investimentos altos. Somente nas primeiras semanas, a execução do projeto já consumiu mais de R$ 17 milhões, dos quais R$ 6 milhões do setor privado. Os equipamentos de "hardware" tiveram que ser todos importados, uma vez que não há tecnologia disponível no País. Porém, a aquisição desses equipamentos não teve custo adicional para os projetos. Eles foram adquiridos através de benefícios fiscais previstos pela Lei 8.248. De acordo com Costa, os parceiros de cada região escolhida têm metas específicas a serem alcançadas. O consórcio de Curitiba, por exemplo, vai trabalhar no desenvolvimento de tecnologias que possam melhorar os atuais programas de educação à distância e de teleconferências. Ainda na capital paranaense, os pesquisadores trabalham na elaboração de sistemas que permitam o diagnóstico médico remoto. O projeto não trabalha com prazos, mas a idéia é difundir a nova tecnologia a todos os estados do País o mais rápido possível.