Reportagem publicada pela revista Nature alerta para os riscos que os atletas deverão correr em Atenas por causa dos altos índices de poluição que a capital grega costuma registrar nessa época do ano.
Ozônio e material particulado. Esses dois elementos quase sempre invisíveis, presentes na atmosfera de todos os grandes centros urbanos do mundo, podem se tomar inimigos dos atletas que a partir da próxima sexta-feira (13/8) estarão brigando pelo ouro em Atenas, durante os primeiros Jogos Olímpicos do século 21.
Segundo uma reportagem publicada nesta semana na revista Nature, o verão grego, ao se combinar com o alto índice de poluição de Atenas - cidade com cerca de 3 milhões de habitantes -, pode causar resultados indesejáveis.
Tanto os níveis de ozônio como o de material particulado presente no ar ateniense podem ficar mais altos do que os índices considerados ideais pelos organismos internacionais de saúde.
A torcida do comitê organizador, dentro da questão climática, é que o vento que vem do leste do Mediterrâneo nessa época do ano sopre com força. Em média, durante o mês de agosto, isso costuma ocorrer por 15 dias.
Sem o vento, uma típica fumaça amarelada, chamada de nefos pelos gregos, poderá surgir e causar efeitos indesejáveis nos pulmões dos atletas.
Segundo a Nature, o ar poluído de Atenas deverá ser bastante semelhante ao encontrado em Los Angeles, em 1984. Naquela olimpíada, por exemplo, o corredor britânico Steve Ovett passou duas noites no hospital após ter sofrido um colapso respiratório, causado pela poluição, quando terminou de correr os 800 metros rasos.
De toda a população mundial, 7% sofrem de asma. Entre os atletas de alto rendimento esse índice sobe para 20%, pois exercícios pesados tendem a potencializar o problema.
Os ciclistas de estrada, por causa do ritmo pesado da respiração durante toda a prova, sentem o problema em níveis ainda mais elevados: quase 50% são asmáticos. É o caso, por exemplo, do alemão Jan Ullrich, o vencedor da Olimpíada de Sydney, em 2000.
O problema não é secundário. Segundo disse Dick Pound, do Comitê Olímpico Internacional, no livro Inside the Olympics, publicado em maio, um dos motivos que o levou a não votar em Atenas, e sim em Roma, como sede dos jogos de 2004, foi exatamente a questão da poluição.
Em tempo: os índices de ozônio em Pequim, na China, sede dos jogos de 2008, são três vezes mais altos do que os registrados em Atenas.
(Agência Fapesp, 20/8)
JC e-mail 2582, de 10 de Agosto de 2004.
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