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Cinco formas inovadoras e patenteadas de usar alimentos brasileiros (4 notícias)

Publicado em 09 de janeiro de 2024

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Agência CNI Moroz Comunicação Sala de Imprensa - Portal da Indústria

A estimativa é que 20% da biodiversidade mundial esteja no Brasil e os nossos pesquisadores têm partido dessa natureza para inovar. Foi pensando em novas formas de usar plantas e animais que já são parte da nossa alimentação que cientistas criaram diversas soluções nas áreas de cosméticos, alimentos e na saúde, muitas vezes, mudando a vida de bastante gente.

Algumas dessas invenções foram patenteadas, ou seja, tiveram o direito de propriedade intelectual reconhecido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Com isso, os inventores têm a garantia de que esses produtos ou processos estão protegidos juridicamente contra usos não autorizados. Além da segurança jurídica para comercializar esses bens ou serviços, esse direito incentiva a pesquisa e a inovação ao recompensar os inventores por seus esforços de pesquisa e as empresas e investidores pelos investimentos.

Conheça cinco dessas iniciativas:

1) Chocolate como conhecemos de uma forma diferente Que o chocolate vem do cacau todo mundo sabe, mas você já pensou que o produto pode ser adoçado com a própria polpa da fruta? Essa foi a tecnologia desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP).

Na verdade, o que é extraído da polpa é o mel do cacau, rico em antioxidantes, vitamina C, fibras alimentares e açúcar. Normalmente, a única parte da fruta utilizada para a confecção do chocolate são as sementes e, por muitos anos, o mel ficou de lado.

Estudos feitos por pesquisadores da USP e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) mostraram que o mel da fruta pode ser usado, também, como um adoçante natural. O que resulta no melhor aproveitamento do fruto e traz maior valor nutricional.

A descoberta foi feita em 2012 e, no ano seguinte, em 2013, o pedido de registro de patente foi feito pelos pesquisadores no Inpi. O resultado saiu em fevereiro de 2021.

Com o título de Composição Alimentícia com Mel de Cacau, a titularidade da criação é da USP e da Uesb. Outro ponto positivo da invenção é que o conceito de sustentabilidade também pode ser aplicado à produção do cacau e do chocolate.

2) De frutinhas: conheça a primeira maquiagem sólida do Brasil Beleza e sustentabilidade podem sim andar juntas. É com isso que a empresa brasileira de maquiagem AmoKarité trabalha. Com os cosméticos sólidos e veganos, a marca conquistou a primeira patente brasileira de maquiagens sólidas.

A empresa foca em produtos multifuncionais e com insumos 100% naturais, utilizando frutas, vegetais e rochas, além de não ser testado em animais. Liderada por Estephanie Gustavon e Clara Klabin, a marca viralizou desde o lançamento, em 2020, e obteve um faturamento de R$ 400 mil em 2021. Agora, a intenção é expandir as vendas para Portugal e Espanha.

Em sua linha de cosméticos sólidos, você encontra sombra, blush e batom e um único produto. A marca conta, também, com bases sólidas. Outra inovação foi a formulação do delineador 100% natural, sem adição de derivados de petróleo.

O conceito sustentável vai do produto à embalagem, que é feita com um papel certificado e 100% biodegradável. No total, são mais de 50 produtos disponíveis, sendo os os batons sólidos os queridinhos.

3) Do bagaço do maracujá para sua necessaire de maquiagem O maracujá é uma das frutas mais amadas pelos brasileiros e podemos provar! De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil é o país que mais produz a fruta no mundo. E quase toda produção é consumida pelos próprios brasileiros, sendo apenas 1% destinada à exportação.

Em 2019, o Brasil produziou mais de 593 mil toneladas de maracujá, além de possuir mais de 150 espécies diferentes da fruta.

Com tanto consumo, pensar em uma solução para o bagaço da fruta, normalmente descartado pelas indústrias, foi a ideia de pesquisa da empresa Rubian Extratos, em parceria do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

O antigo resíduo industrial se tornou matéria-prima para a criação de um cosmético sustentável de antienvelhecimento para a pele, com ação antioxidante testada e aprovada. A empresa conseguiu criar uma miniemulsão, emulsão com gotículas de escala micrométrica, a partir da recombinação dos extratos do bagaço do maracujá.

Os bioativos presentes na fruta foram mapeados e, com isso, foi comprovada a ação de antienvelhecimento do produto. Mas tudo foi possível a partir de um processo de produção limpa dos compostos do bagaço, patenteado em 2011.

E, com o uso da produção limpa, o bagaço passou por um processo de extração, que também foi patenteado. Depois disso, os extratos foram emulsificados de acordo com a necessidade de cada cliente.

Extra: o extrato de maracujá também é o protagonista de outra inovação patenteada. Em sua tese de doutorado, desenvolvida na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, a nutricionista Andressa Mara Baseggio descobriu que a terapia quimiopreventiva feita com a fruta é capaz de atrasar a ocorrência de casos de câncer de próstata. A técnica usada para obter o extrato do bagaço do maracujá rico em piceatannol, substância determinante para o tratamento ou prevenção da doença, foi desenvolvida na universidade, sob orientação do professor Julian Martinez, da FEA.

Talvez você já tenha ouvido falar dos usos da tilápia na saúde. A pele do peixe tem sido usada na recuperação de queimaduras, no tratamento de úlceras e em cirurgias de reconstrução vaginal e de redesignação sexual. São 337 pesquisadores de diversos países envolvidos em 87 projetos de pesquisa

As primeiras descobertas foram alcançadas pelo Núcleo de Pesquisas e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará (UFC), sob coordenação do professor Odorico de Moraes. Ao lado do médico Edmar Maciel, do Instituto Dr. José Frota, os pesquisadores iniciaram os estudos pré-clínicos em 2015, incluindo esterilização da pele, análise toxicológica e microbiológica e testes em animais.

O trabalho em conjunto com a equipe de Histologia da professora Ana Paula Negreiros, da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE) da UFC chegou à descoberta do colágeno tipo I na pele da tilápia, uma proteína que, ao interagir com feridas ou queimaduras, acelera a cicatrização. O peixe adere à lesão, evitando a perda de líquidos e criando uma barreira para bactérias.

Oito anos depois, a técnica de preparo e conservação do tecido da tilápia no glicerol, um conservante que esteriliza o material, teve a patente concedida pelo Inpi. Depois desse método, a ciência avançou em outras inovações a partir do peixe, como a pele liofilizada (desidratada), a matriz acelular e a extração de colágeno, todos patentes solicitadas no Brasil e no exterior.

As patentes no mundo Como é um direito territorial, não existe uma “patente universal”. A concessão de patente no Brasil não significa que aquela invenção está protegida em outros países. Existem distintos sistemas de propriedade intelectual, normalmente nacionais ou regionais, como o Instituto Europeu de Patentes.

Para obter proteção de propriedade intelectual em diversos países, o melhor caminho é recorrer à Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), que administra o Tratado de Cooperação em matéria de Patentes (PCT), um acordo multilateral.

5) Mais biodiversidade e menos calorias: maionese feita com açaí Misturar ovos, óleo e suco de limão (ou variações desses ingredientes) não é mais o único jeito de fazer maionese. Pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins (UFT) inventaram a maionese com polpa de açaí, de fácil fabricação e com menos calorias que a mistura tradicional.

A tecnologia teve a patente de invenção concedida pelo Inpi em julho de 2021, com prazo de validade de 20 anos. Esse tipo de patente é para criações totalmente novas que solucionem um problema técnico. O outro tipo é o modelo de utilidade, que melhora uma invenção já existente.

A novidade foi desenvolvida pelo professor de Engenharia de Alimentos, Robert Taylor Rocha Bezerra, e pelos egressos do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGCTA), Eder Alencar Resende, Marcela Mona Sá Santos e Fabiana de Oliveira Pereira.