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Cientistas usam droga adaptada para tratar leishmaniose visceral (1 notícias)

Publicado em 07 de fevereiro de 2012

Um medicamento de uso veterinário para tratar algumas parasitoses revelou alta eficácia contra a leishmaniose visceral em modelos animais. Os resultados são de um estudo feito por pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.

Segundo a agência de notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), a pesquisa indicou que a eficácia da buparvaquona foi semelhante à do medicamento padrão contra a leishmaniose, mas com dose 150 vezes menor.

O coordenador da pesquisa, André Gustavo Tempone, afirmou à agência que os resultados da droga eram conhecidos contra a leishmania no modelo in vitro, mas sua ação nunca havia sido vista em modelos in vivo. Por isso, o pesquisador está otimista com a evolução do tratamento em humanos no futuro.

"O medicamento já se mostrava muito eficaz em testes in vitro. Só que, em modelos animais, sua ação era muito limitada, pois havia um gargalo: a droga não chegava ao fígado e ao baço do animal, que é onde ocorre a infecção pela leishmania", disse.

Para solucionar o problema, os pesquisadores utilizaram lipossomas - vesículas esféricas que dirigem o fármaco de forma controlada e precisa à célula infectada. "Com o carreador lipossomal, conseguimos, pela primeira vez, demonstrar que é possível utilizar o medicamento para tratar a leishmaniose visceral", disse.

Segundo Tempone, o fato de o medicamento estar em uso facilita o estudo. "Como se trata de uma droga que já está no mercado, podemos dispensar, por exemplo, os testes de toxicidade. Começamos, assim, a desenvolver a nova aplicação a partir de uma fase mais avançada", ressaltou.

Os pesquisadores irão realizar novos estudos com modelos animais para definir as melhores vias de administração, a posologia e o tempo de uso da droga.

A pesquisa faz parte da pesquisa de doutorado de Sandra Reimão e do projeto "Combinações terapêuticas na leishmaniose visceral: o potencial antileishmania de bloqueadores de canais de cálcio e o uso de nanoformulações lipossomais". Os resultados serão publicados em breve na revista "Experimental Parasitology".