A invasão das células humanas pelo novo coronavírus é um passo fundamental para o processo de infecção do organização.
Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade de São Paulo (USP) descreveu porquê uma proteína humana interage com uma proteína do viral, demonstrando um dos mecanismos usados pelo vírus causante da Covid-19 para recrutar as células e se replicar.
Os achados do estudo, que contou com o suporte da Instauração de Arrimo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foram publicados na revista Frontiers in Cellular and Infection Microbiology.
Em testes realizados in vitro, em envolvente de laboratório, os pesquisadores conseguiram inibir a interação entre as moléculas usando um remédio e, com isso, reduziram a replicação viral entre 15% e 20%. Com o resultado, o grupo espera contribuir com o desenvolvimento de terapias contra doença.
Em laboratório, o grupo utilizou diferentes técnicas para mostrar porquê a presença da proteína M do vírus no organização faz com que a PCNA, uma proteína envolvida no reparo do DNA, migre do núcleo das células – onde ela normalmente se encontra – para o citoplasma, região onde ficam as organelas, responsáveis por importantes funções celulares.
Segundo os pesquisadores, essa transmigração demonstra que as proteínas viral e humana estão interagindo entre si, o que vai ao encontro dos resultados vistos por outras metodologias.
Outra forma de verificar o fenômeno foi usando um constituído que é inibidor da transmigração de proteínas do núcleo para o citoplasma. Tanto em células tratadas com um constituído específico para a PCNA quanto com esse outro que inibe a transmigração de diferentes proteínas, incluindo a PCNA, o coronavírus teve uma replicação entre 15% e 20% menor quando comparado aos que estavam em células sem tratamento qualquer.
“Se estivéssemos pensando em uma terapia, talvez essa redução não fosse significativa. Porém, o principal objetivo era provar essa interação e que ela pode ser um branco para futuros tratamentos”, diz Simabuco.
Em colaboração com pesquisadores do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, foram analisadas ainda amostras de tecido pulmonar obtidas durante autópsias de pacientes que perderam a vida devido à doença.
Foi observado um aumento da frase tanto da proteína PCNA porquê de gamaH2AX, uma proteína considerada um marcador de dano ao DNA, o que reforça os resultados. “Esse oferecido pode indicar mais uma consequência da infecção pelo coronavírus”, diz Simabuco.
O trabalho tem porquê primeira autora Érika Pereira Zambalde, pós-doutoranda na FCA-Unicamp sob supervisão de Simabuco.
Novo caminho
A proteína M se ancora, junto com as proteínas E e S, na membrana que envolve todo o SARS-CoV-2, e é a mais rico das quatro principais proteínas estruturais do vírus, que levam esse nome por darem forma ao microrganismo. Por isso, tem sido vista porquê um branco potencial para medicamentos e vacinas.
Por sua vez, a proteína S, da espícula (Spike, em inglês), é a mais conhecida por conta do seu papel na relação com o receptor humano, que a tornou o branco das principais vacinas atuais.
A proteína humana PCNA, por sua vez, é bastante estudada no contexto do cancro, tema de projeto levado por Simabuco na FCA-Unicamp. Na infecção por vírus, porém, muito pouco se sabe sobre o papel dessa proteína humana.
O novo item abre caminho para estudos complementares sobre essa interação entre o coronavírus e a molécula, facilitando o desenvolvimento de tratamentos. Um próximo passo seria a validação das descobertas em modelos animais, o que ainda não há previsão para sobrevir, segundo os especialistas.
Segmento dos experimentos foi realizada no Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (LEVE), coordenado por José Luiz Proença Módena no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, com o suporte da Fapesp.
O estudo teve ainda colaboração dos grupos de pesquisa coordenados por Armando Morais Ventura, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, e Henrique Marques-Souza, professor do IB-Unicamp.