Notícia

Olhar Digital

Cientistas reproduzem tecidos humanos a partir de impressão 3D; conheça outros usos da tecnologia (29 notícias)

Publicado em 20 de março de 2024

A técnica de impressao 3D como a conhecemos hoje começou na década de 1980. Desde então, a tecnologia avançou significativamente a ponto de os cientistas serem capazes de reproduzir tecidos humanos usando a ferramenta.

Este é o trabalho desenvolvido por um grupo de pesquisadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)

Testado em outros países por empresas cosméticos e farmacêuticas, o dispositivo chamado human-on-a-chip ou body-on-a-chip (BoC) também ganha espaço no Brasil. A técnica de impressão 3D, que recria tecidos da pele e do intestino, é utilizada para avaliar a toxicidade de produtos em desenvolvimento.

Aqui no país, a gigante dos cosméticos Natureza já adotou a tecnologia desde o primeiro semestre de 2023, como explica a bióloga Juliana Lago:

“Aplicamos o ingrediente que queremos testar na pele reconstituída e avaliamos a sua toxicidade, simulando o funcionamento do corpo humano” ela afirmou.

Importado de uma empresa alemã, o BoC se soma a outras técnicas utilizadas desde 2006 para substituir testes de segurança e eficácia de produtos de beleza, higiene pessoal e perfumaria por cobaias animais, proibidas em março de 2023 pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea). , do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

A tecnologia é tão avançada que, além de indicar possíveis danos causados ​​por agentes externos, os tecidos criados reproduzem algumas funções dos próprios órgãos.

De que são feitos esses tecidos?

A startup 3DBS, de Campinas, é uma das empresas responsáveis ​​por essa tecnologia no Brasil.

Eles produzem tecido intestinal a partir de células adquirido no Banco de Celulares do Rio de Janeiro e a pele é produzida a partir de células humanas isoladas de tecidos resultantes de cirurgias de fimose em crianças atendidas em um hospital de Santa Bárbara D'Oeste, no interior de São Paulo.

“As células descartadas da cirurgia em crianças produzem rapidamente colágeno tipo I, proteína que necessitamos porque dá resistência e elasticidade à pele” explica a bióloga Ana Luiza Millás, diretora de pesquisas da empresa.

Uma solução com diferentes tipos de células é a matéria-prima utilizada nas chamadas bioimpressoras, que criam estruturas tridimensionais com células vivas, moléculas e materiais biocompatíveis.

Nesse caso, em vez do material plástico injetado por uma impressora 3D convencional para criar um objeto, uma seringa despeja essa mistura de células com uma solução de colágeno, por exemplo, sobre uma placa transparente com divisões internas, como as usadas para formar gelo em o freezer.

Um computador então envia informações sobre as dimensões e o formato do tecido a ser construído, camada por camada, para a máquina. Depois de prontos, o “prazo de validade” dos tecidos é de até uma semana.

Outras aplicações

Além deste magnífico uso da impressão 3D para recriar tecidos humanos, a técnica também é utilizada para:

Próteses médicas e dentárias personalizadas;

peças automotivas e aeroespaciais complexas;

moldes e bens de Consumo customizados ou de baixo volume, como unidades de reposição para equipamentos descontinuados;

impressão de brinquedos.

Existem outros avanços nesta área. Num estudo publicado em outubro em Avanços da Ciência Pesquisadores brasileiros e norte-americanos relataram o desenvolvimento de tecidos cutâneos com estruturas semelhantes aos folículos capilares por meio da bioimpressão.

Se for avançada, essa técnica poderá fornecer células capazes de auxiliar no tratamento de feridas ou enxertos, pois são as células da base dos folículos que iniciam a cicatrização.

As informações são de UOL