O excesso de tráfego não é problema exclusivo das desgastadas estradas que interligam as grandes cidades brasileiras. Na malha virtual das auto-estradas de informação, a semelhança não é mera coincidência. Na última sexta-feira, a comunidade científica do Rio de Janeiro foi convocada por cientistas como o professor titular de física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Moisés Nussensweig, e o diretor da Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia (Coppe/UFRJ), Luís Pinguelli Rosa, para se manifestar em relação ao projeto da Rede Nacional de Pesquisas (RNP) quanto ao acesso e uso da Internet. "A pretensão da RNP de se tornar um provedor comercial vai estrangular a troca de informações do setor acadêmico no país", alertou Luiz Felipe Moraes, coordenador da Rede Rio e professor da Coppe/UFRJ.
Ficou definida, no encontro, a criação de uma comissão de alto nível que vai recolher as sugestões do meio acadêmico, exigindo representatividade nas medidas a serem adotadas pela RNP. "A RNP não é uma rede, é um backbone", afirmou Luiz Felipe. "Ela simplesmente interliga redes regionais sem suportá-las. Esta integração nacional propalada é inverídica", declarou. Backbone é a parte da rede que administra o volume de tráfego.
Esta comissão de notáveis pretende acessar a direção do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entidade à qual a RNP é vinculada, tentando esclarecer informações nebulosas que só chegam aos pesquisadores pelos veículos de comunicação. De acordo com Luiz Felipe, a Internet virou coqueluche devido às inúmeras capas das publicações jornalísticas, além do aparecimento de interfaces gráficas extremamente simples.
O coordenador da Rede Rio não quer desqualificar os que usufruem da Internet para compra de CDs, busca de fotos da revista Playboy ou troca de idéias sobre culinária. "A comunidade acadêmica quer simplesmente ser ouvida, oferecendo conhecimento de professores graduados no exterior, para empresas como Telebrás e Embratel, em troca de infra-estrutura. Nós podemos ajudar", afirma.
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Jornal do Brasil