Notícia

O Estado do Paraná online

Cientistas identificam variantes

Publicado em 02 março 2008

Agência Fapesp

São Paulo - Após realizar estudos sorológicos e moleculares em pacientes com leucemia, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) conseguiram identificar novas variantes dos alelos do sistema ABO. De acordo com a coordenadora do estudo, Márcia Zago Novaretti, professora do Departamento de Hematologia, a descoberta ajuda a compreender o sistema ABO, que é o mais importante grupo sangüíneo da medicina para transfusões e transplantes. Os resultados foram publicados na revista Genetics and Molecular Research.

Segundo a professora, a literatura internacional já registrava que pacientes com leucemia podem ter enfraquecimento dos antígenos ABO, ou seja, mostrar uma reatividade mais fraca na tipagem ABO. "Com os recursos atuais e com a clonagem do gene ABO, estudamos molecularmente pacientes com leucemia para verificar se essa diferenciação se dava em nível molecular ou era apenas um achado sorológico", disse Marcia.

Ao estudar, sob o ponto de vista sorológico e molecular, 108 pacientes com diferentes tipos de leucemia, os pesquisadores encontraram 22 novas variantes de ABO, além das 116 conhecidas. A maior das novas variações se localiza no alelo O.

Participaram do estudo, realizado no Hospital das Clínicas da USP, 51 homens e 57 mulheres, com idade média de 43,4 anos, portadores de leucemia mielóide ou linfóide, crônica ou aguda. "O estudo pode ajudar a compreender um pouco melhor as leucemias. Não sabemos se essa descoberta será de alguma utilidade em termos de prognósticos, mas ela pode indicar o caminho para estudos que verifiquem se a doença evolui de forma diferente nesses pacientes com essas mutações", afirmou Marcia.

O estudo é o primeiro relato de um grande número de amostras de pacientes com leucemia genotipados para ABO. "Os resultados mostraram um alto nível de atividade recombinante no gene ABO nos pacientes com leucemia", disse.