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Cientistas identificam genes relacionados à metástase do câncer (1 notícias)

Publicado em 07 de maio de 2009

WASHINGTON - Três genes com papel importante na metástase do câncer de mama foram identificados por um grupo de cientistas dos Estados Unidos, Espanha e Holanda. Os genes medeiam o processo por meio do qual as células se espalham do local do tumor original para o cérebro.

O estudo, que ajuda a compreender melhor os mecanismos por meio do qual ocorre a metástase, teve seus resultados publicados nesta quarta-feira na edição on-line da revista Nature. A metástase é responsável pela maior parte das mortes de câncer e ocorre quando células tumorais adquirem a capacidade de escapar de sua localização original e invadem tecidos saudáveis em outras partes do corpo.

De acordo com a pesquisa, os genes COX2 e HB-EGF, que induzem a mobilidade e a capacidade de invasão das células cancerosas, atuam como mediadores genéticos na metástase do câncer da mama ao cérebro.

Um terceiro gene, denominado ST6GALNAC5, fornece às células cancerosas a capacidade de sair da corrente sanguínea e ingressar no tecido cerebral.

- Nosso estudo destaca o papel que esses genes têm em determinar como as células de tumores na mama se libertam de onde estão e, uma vez em movimento, decidem que local atacar - disse Joan Massagué, do Centro de Câncer Memorial Sloan-Kettering e do Instituto Médico Howard Hughes, nos Estados Unidos, um dos autores da pesquisa.

A metástase do câncer de mama ao cérebro ocorre tipicamente anos após a remoção do tumor, indicando que células cancerosas disseminadas inicialmente não contam com as funções especializadas necessárias para superar a barreira sangue-cérebro, a densa rede de capilares que protege o tecido cerebral. Essa barreira evita a entrada de células circulantes e regula o transporte de moléculas até o tecido cerebral.

Os pesquisadores isolaram células cancerosas em cérebros de pacientes com câncer avançado. Ao combinar diversos métodos, como perfil de expressão gênica, teste em modelos animais e análise de dados clínicos, os cientistas identificaram genes e funções que seletivamente medeiam a passagem das células invasoras pela barreira sangue-cérebro.

Os autores do estudo observaram que o gene ST6GALNAC5, uma enzima normalmente ativa apenas em tecido cerebral, provoca uma reação química que forma uma capa na superfície de células de câncer de mama. Essa proteção aumenta a capacidade de as células metastáticas vencerem a barreira dos capilares e invadirem o cérebro.

“Os resultados destacam o papel da cobertura da superfície celular como um participante importante, e até então ignorado, na metástase cerebral e abrem a possibilidade do desenvolvimento de drogas para interromper essas interações. Novos estudos são necessários para explorar o papel desses genes na metástase cerebral e seu potencial como alvo terapêutico”, disse Joan.

Os cientistas também destacam que o COX2 e o HB-EGF foram associados, em estudos anteriores, com a metástase do câncer de mama para o pulmão.

Isso, segundo eles, indica um compartilhamento dos mediadores genéticos para a migração de células cancerosas tanto para o cérebro como para o pulmão, o que ajudaria a explicar a associação de problemas nos dois órgãos em mulheres com câncer de mama.

As informações são da Agência Fapesp