Pesquisadores estão se esforçando para desenvolver uma versão transgênica da cana-de-açúcar que tenha um tipo de lignina (material estrutural responsável pela rigidez, impermeabilidade e resistência dos tecidos vegetais) que seja mais fácil de separar da celulose, facilitando o processo de produção do etanol.
A lignina se apresenta fortemente ligada à celulose e é um dos maiores entraves para o uso do bagaço da cana na produção de etanol. A molécula impede que açúcares presentes na parede celular sejam hidrolisados e liberados para fermentação. O tratamento para a separação da celulose da lignina é caro e pode deixar resíduos tóxicos que prejudicam a ação dos micro-organismos fermentadores.
Pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) trabalham para tornar o etanol celulósico economicamente viável. O projeto vem sendo coordenado pelo cientista da Unicamp, Paulo Mazzafera.
De acordo com reportagem publicada pela Agência Fapesp com Mazzafera, o desafio agora é criar uma cana transgênica que mantenha as características da atual no que se refere à altura e largura do colmos.
O pesquisador explica que vale mais a pena alterar a qualidade da lignina do que reduzir seu teor na cana. "Hoje, há variedades que têm entre 4% e 10% de lignina. Se você reduz muito, a planta não fica em pé. As variedades de cana com menor teor de lignina já são usadas para fazer celulose, mas ainda apresentam problemas para a produção do etanol de segunda geração. Nosso objetivo é criar uma cana geneticamente modificada que sintetize um tipo de lignina mais fácil de ser removido do bagaço", explica Mazzafera.
Da Redação com JB.com