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Cientistas encontram bactéria capaz de transformar lixo plástico em bioplástico (59 notícias)

Publicado em 31 de janeiro de 2025

Descoberto por pesquisadores brasileiros — e, portanto, nomeado BR4 — um novo microorganismo consegue decompor o plástico de garrafas PET e produzir, no processo, um biopolímero de alta qualidade . Mais eficaz do que a reciclagem, o produto da reação pode ser usado para fabricar embalagens sustentáveis e em aplicações biomédicas.

Com auxílio da FAPESP , o estudo foi liderado por Fábio Squina , pesquisador da Universidade de Sorocaba , que publicou os resultados na revista científica Science of The Total Environment . Cerca de 350 milhões de toneladas de plástico, atualmente, viram resíduos, 40% vindos de embalagens, com 46% acabando em aterros, 17% incinerados e 15% reciclados.

Squina afirma que a reciclagem, da forma como é feita hoje em dia, não é uma solução real para esse problema , já que produz plásticos com propriedades e aplicações inferiores ao produto inicial. Estudos como o que o cientista liderou visam mudar essa realidade.

A bactéria que transforma lixo

Para as análises, foram coletadas amostras de solo contaminado por plástico , onde comunidades microbianas foram cultivadas. Estudando o genoma das bactérias, foram descobertas algumas capazes de degradar polímeros , especialmente materiais como polietileno (PE) e tereftalato de polietileno (PET).

A principal delas é uma linhagem de Pseudomonas sp , a BR4 , que não só decompõe PET, mas produz polihidroxibutirato (PHB) a partir dele. O PHB é um bioplástico de alta qualidade , e, quando enriquecido com hidroxivalerato (HV), ganha flexibilidade e resistência úteis para a fabricação de embalagens sustentáveis e no uso biomédico.

Para chegar no BR4, foi necessário sequenciar o genoma de 80 bactérias , identificando tanto microorganismos conhecidos como novos. Foram descobertos, inclusive, os métodos de transporte e as vias metabólicas das bactérias no processo de degradação e assimilação dos polímeros, ou seja, melhorando o conhecimento da ciência sobre a biodegradação dos materiais.

O resultado ainda pode ser usado na produção de outros compostos químicos , úteis para áreas como agricultura, cosmética e indústria alimentícia.

O resultado da pesquisa é importante por trazer soluções melhores para lidar com a poluição por plásticos e microplásticos — o material é responsável por 85% dos resíduos que chegam aos oceanos, cujo volume deve quase triplicar até 2040 , ameaçando tanto a vida marinha quanto a terrestre.

Os cientistas sugerem que as mesmas técnicas poderão ser usadas para degradar outros plásticos de origem fóssil e convertê-los para biopolímeros, mas, para isso, mais pesquisas sobre o tema terão de ser feitas.