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Cientistas dizem que se gestão do clima continuar como está o Pantanal deixará de existir | Mato Grosso (7 notícias)

Publicado em 12 de novembro de 2021

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Por Thiago Andrade, g1 MT

O recado é claro: se gestão do clima continuar da mesma forma, o Pantanal como conhecemos deixará de existir. Para se ter ideia, as previsões é de que a temperatura da terra aumente 2,7° C, até 2100, o que já é grave. No Pantanal, a previsão de que os termômetros subam de 5ºC a 7°C, no mesmo período. As conclusões fazem parte do estudo do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres (Cemaden).

A pesquisa foi feita por especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), por meio de um projeto apoiado pela FAPESP no âmbito do Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

A conclusão do estudo sobre a seca mostra que as mudanças na estação chuvosa podem afetar a hidrologia das áreas úmidas. O estudo ressalta que as secas podem afetar seriamente as condições de vida das populações locais.

Segundo o estudo, o Pantanal tem sido afetado pela seca, devido às fracas temporadas de chuvas em 2019 e 2020. Os pesquisadores ressaltam que a seca na região, aliada às altas temperaturas, aumentam o risco de incêndio. Eles usaram dados do INPE para provar que os incêndios registrados em 2020 foram realmente inéditos.

Em 2020, foram registrados 22.116 focos de calor no Pantanal. o recorde anterior foi em 2005, quando foram 5.993 pontos de calor.

Os pesquisadores disseram que é preciso entender melhor a dinâmica atual da seca e das cheias no Pantanal. Para isso, pedem a criação de uma rede adequada de monitoramento hidrometeorológico em toda a bacia. Eles também destacam a necessário estudar o feedback entre os aerossóis da fumaça da biomassa do Pantanal e as chuvas durante a estação chuvosa na região.

Os cientistas acreditam que a resiliência do bioma será melhorada com a redução do risco de incêndios. Também destacam que a agricultura, pecuária, pesca e turismo devem ocorrer de forma sustentável para que o Pantanal seja preservado.

Estudo realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, de universidades e de organizações não-governamentais estima que, ao menos, 17 milhões de animais vertebrados morreram em consequência direta das queimadas no Pantanal no ano passado.

As vítimas mais recorrentes foram as pequenas cobras, principalmente as aquáticas: mais de 9 milhões de mortes.

O estudo (ainda não publicado em revista científica) foi submetido ao periódico Scientific Reports, do grupo Springer Nature, e está sob avaliação de outros cientistas. Os pesquisadores dizem que o trabalho é pioneiro no uso da “técnica de amostra de distâncias em linhas” para calcular mortes de animais em queimadas.

A área atingida pelo fogo este ano no Pantanal já é maior que a média histórica da região. Segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), órgão vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 261,8 mil hectares já foram perdidos para o fogo; no mesmo período do ano passado, a área queimada foi de 1.356.925 hectares.

Em 2020, o Pantanal foi atingido pela maior tragédia da história. Incêndios destruíram cerca de 4 milhões de hectares. 26% do bioma – uma área maior que a Bélgica – foi consumida pelo fogo. Cerca de 4,6 bilhões de animais foram afetados e ao menos 10 milhões morreram.

Em Mato Grosso, quase 2,2 milhões de hectares foram destruídos e, em Mato Grosso do Sul, 1,7 milhão de hectares, virou cinzas.

O Pantanal perdeu 29% de superfície de água e campos alagados entre a cheia de 1988 e a última, em 2018, quase 1% por ano. Se continuar neste ritmo, em 70 anos, o bioma estará seco.

Na primeira cheia registrada na série histórica de imagens de satélite analisadas pelo MapBiomas, esse total era de 5,9 milhões de hectares. Na última, em 2018, a área alcançou apenas 4,1 milhões de hectares. Em 2020, esse valor foi de 1,5 milhões de hectares, o menor nos últimos 36 anos.

Segundo o MapBiomas, mais seco, o Pantanal está também mais suscetível ao fogo. Os períodos úmidos favorecem o desenvolvimento de plantas herbáceas, arbustivas, aquáticas e semi-aquáticas, acumulando biomassa. No período seco, a vegetação seca vira combustível para o fogo.