Notícia

Jornal do Brasil

Cientistas dizem que fé pode curar

Publicado em 13 fevereiro 1996

A maioria dos 212 estudos apresentados na reunião anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência, que termina hoje em Bal-timore, EUA, afirma que a fé é capaz de curar. Ter crença em alguma religião, segundo sustentam várias teses, pode ser um bom remédio contra todo tipo de doença, da insônia a graves problemas cardíacos. Ter alguma crença religiosa faz bem à saúde Estudos apresentados em reunião científica mostram que acreditar em Deus cura BALTIMORE, EUA - A fé religiosa não só move montanhas como também pode ser um bom remédio contra todo tipo de doenças, desde a insônia até graves problemas cardíacos. Na reunião anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência (AAAS), que começou dia 8 e termina hoje em Baltimore, foram apresentados 212 estudos que, em sua maioria, tem um ponto em comum: afirmam que a fé pode curar. No entanto, não cabe interpretar os resultados dessas análises como um reconhecimento da existência de milagres por parte da comunidade científica. Quase todos os especialistas estimam que, se a fé é boa para a saúde, é porque as pessoas que vivem em contato com comunidades religiosas levam uma vida mais saudável. Entre os estudos apresentados, 75% chegam à mesma conclusão de que acreditar em Deus faz bem à saúde, mas o que mantém os praticantes em forma é sua vida social e não sua vida espiritual. Prova disso é que as pessoas que ficam em casa rezando e acompanham os serviços religiosos por televisão não costumam se manter tão bem como aqueles que vão regularmente à igreja. Crentes - Jeffrey Levin, da Escola de Medicina da East Virginia University, explicou que entre as possíveis razões pelas quais os crentes gozam de melhor saúde que os que não acreditam em Deus, está o fato de que as pessoas que freqüentam um templo têm um círculo de amizades, que se preocupa por sua saúde física e mental. As pessoas com princípios religiosos também costumam beber e fumar menos que as demais. Além disso, participar de orações coletivas ajuda a descarregar as tensões. Por tudo isso, as pessoas religiosas sofrem menos dores crônicas, insônia, ansiedade, depressão, infertilidade ou problemas cardíacos. Só um dos estudos apresentados na reunião tentou provar que a oração tem um efeito direto sobre a saúde. Trata-se de uma investigação polêmica realizada em São Francisco, na Califórnia, com 393 pessoas com problemas no coração, que não convenceu aos profissionais que participaram da conferência. Os autores do estudo pediram que se rezasse em favor de metade das pessoas sem que elas soubessem. Os pesquisadores garantem que aqueles que foram lembrados nas orações apresentaram melhor quadro de saúde.