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Ponto Azul

Cientistas da USP estudam quais formas de vida podem existir em lua de Júpiter

Publicado em 27 fevereiro 2018

Ao que depender da NASA, um dos principais destinos de 2030 será a Europa. Não o continente, é claro, mas a lua congelada de Júpiter. Estima-se que ela esteja coberta por uma camada de 10 quilômetros de gelo que escondem outros 100 quilômetros de água aquecida pela energia térmica produzida pela interação gravitacional com o gigantesco planeta. Um objeto propício para encontrar vida extraterrestre, segundo estudo publicado no periódico Scientific Reports.

Para simular o que o pode ser encontrado no satélite, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) analisaram dados de uma bactéria que vive em uma mina de ouro de Mponeng, na África do Sul.

Trata-se da Candidatus Desulforudis audaxviator, uma espécie que vive sem luz solar e através de reação radioativas da água, condições que podem ser semelhantes às da Europa.

“Nessa mina subterrânea de grande profundidade há rachaduras por onde vaza água com a presença de urânio radioativo”, descreve Douglas Galante, pesquisador do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, em entrevista à revista Fapesp [Agência FAPESP].

“O urânio quebra as moléculas de água produzindo radicais livres. Os radicais livres atacam as rochas do entorno, especialmente a pirita, produzindo sulfatos. E as bactérias utilizam os sulfatos para sintetizar ATP, nucleotídeo responsável pelo armazenamento de energia nas células”, explica o cientista. Esse desequilíbrio químico, além da existência de água, é essencial para propiciar o desenvolvimento de novas formas de vida.

O estudo sugere que a pirita também seja um ingrediente fundamental para essa reação, mas os cientistas ainda não sabem se há esse metal no satélite Europa. Essa é uma das questões que precisam ser desvendadas por missões espaciais.

Fonte:Galileu