Cientistas da Universidade de Campinas fizeram uma descoberta que pode ajudar pessoas acima do peso a acelerar a queima de gordura.
Durante muito tempo, os cientistas acreditavam que o ser humano só tinha um tipo de tecido adiposo: o da gordura branca, que tem como função armazenar energia.
Mas, há 10 anos, pesquisadores americanos e europeus descobriram que também temos um outro tipo: o tecido adiposo marrom, que tem como função manter o calor. É muito comum em bebês e depois vai diminuindo de quantidade no organismo.
"Esse tecido adiposo foi visto inicialmente em roedores e animais que hibernam. E descobriu-se na época que ele servia para produzir calor durante o período de hibernação para impedir que o animal morresse durante a hibernação por causa de hipotermia", diz o professor Lício Augusto Velloso, coordenador do Centro de Pesquisa de Obesidade da Unicamp
Esse tecido se concentra nas axilas e na região do pesçoco. São as manchas brancas como é possível ver por meio de uma câmera especial.
É exatamente essa gordura que virou a aposta dos pesquisadores da Unicamp para resolver o problema de quem não consegue perder peso, como a Valquíria Cristiane Martins.
"Chega uma hora que estaciona, né? Aí não tem mais remédio que resolva, alimentação que resolva. Para e não consigo mais perder peso", conta a dona de casa Valquíria.
"Todo mundo que perde peso, o organismo tenta voltar para o peso original. O corpo tenta se defender da perda de peso e da desnutrição", explica o endocrinologista Bruno Geloneze.
Para driblar essa defesa do corpo, os cientistas da Unicamp pesquisaram o funcionamento do tecido adiposo marrom. E agora, o Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades da universidade descobriu que esse tecido marrom pode queimar ainda mais a própria gordura por meio de uma substância produzida pelo nosso organismo, a interleucina 10.
"A interleucina 10 é produzida principalmente pelos órgãos que fazem parte do sistema de defesa do corpo contra infecção. E esses órgãos são distribuídos ao longo do corpo;, são os gânglios linfáticos", diz o pesquisador José Carlos de Lima Júnior, pesquisador do Centro.
O estudo foi feito em laboratório com animais e células humanas e foi divulgado pro uma revista do grupo "Lancet", uma das mais importantes publicações científicas internacionais.
Os cientistas estão otimistas.
"Ela abre novas possibilidades de desenvolvimento farmacológico numa área em que ninguém estava olhando antes", explica o professor Lício.
Desenvolver um medicamento é o próximo passo do estudo, mas os médicos já dão uma dica: exercícios físicos regulares ajudam a aumentar a quantidade de tecido adiposo marrom.