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Gazeta Mercantil

Cientistas criticam gestão da Internet (1 notícias)

Publicado em 08 de junho de 1995

Por Heloisa Magalhães - do Rio
O braço brasileiro da Internet administrado pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP), como estabeleceu o governo federal na semana passada, poderá prejudicar o serviço hoje existente se não forem realizados os investimentos necessários e for montada ampla estrutura para gestão, acreditam representantes da comunidade cientista fluminense. Através da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC-regional Rio), professor, pesquisadores e profissionais da área de informática reuniram-se na terça-feira à noite para discutir e analisar a decisão dos ministérios das Comunicações (Minicom) e Ciência e Tecnologia (MCT) de transferir o gerenciamento nacional da Internet que vinha sendo montado pela Embratel para a rede hoje utilizada pela comunidade acadêmica, a RNP. A SBPC já encaminhou manifesto ao MCT destacando as preocupações quanto ao futuro do serviço. Entre a comunidade científica a constatação é de que apenas Rio. São Paulo e Porto Alegre têm hoje rede mais estruturada que oferece recursos técnicos capazes de suportar volume maior de tráfego de dados, mesmo assim "estas redes têm precariedades, como velocidade de transmissão e recebem apenas recursos de instituições locais e o tesouro de cada um dos estados. No Rio, o custo é de R$ 500 mil anuais, todo pago dentro do estado, sem jamais ter recebido investimentos da RNP", disse Luis Felipe de Moraes, coordenador da Rede-Rio. A Rede-Rio interliga 120 pontos diferentes, entre universidades e órgãos de pesquisa. Tem canal direto para os EUA através de um prestador de serviço na Califórnia, que cobra dez vezes menos pela conexão, por se tratar de uma rede acadêmica. Com boa estrutura montada no estado (inclusive alguns pontos com fibras ópticas e transmissão de alta velocidade, o que melhora a qualidade do serviço) para os representantes da comunidade científica presentes ao encontro, a rede ainda tem gargalos, tornando-se extremamente lenta e precária para alguns serviços. A informação de que o governo federal vá investir R$ 10,5 milhões na RNP para prepará-la para a ampliação de seus serviços não acalma os usuários da rede acadêmica. Acreditam que, além da adequação técnica, é necessária montagem de estrutura de gestão em muito curto prazo, até 1° de setembro, data prevista para abertura da rede à sociedade em geral, em que o MCT não tem tradição, pois jamais operou serviço no gênero para o grande público.