Pesquisadores transformam cascas de banana em bioplásticos de alta qualidade
A casca de banana, que muitas vezes é descartada como lixo, está sendo transformada em filmes bioplásticos de alta qualidade por pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Esses bioplásticos têm potencial aplicação como embalagens ativas de alimentos, oferecendo excelentes propriedades antioxidantes e proteção contra a radiação ultravioleta.
A pesquisa utiliza um processo simples, que envolve pré-tratamentos brandos utilizando apenas água ou uma solução ácida diluída. Esses pré-tratamentos convertem integralmente as cascas de banana em filmes bioplásticos, sem gerar resíduos. Surpreendentemente, esses filmes apresentaram desempenho igual ou até melhor do que muitos bioplásticos preparados a partir de outros tipos de biomassa, por meio de processos mais complexos e demorados.
A cadeia de valor da banana gera uma quantidade significativa de subprodutos que são subutilizados ou descartados indevidamente, causando problemas ambientais. A cada tonelada de banana processada, podem ser gerados até 417 kg de cascas. Por isso, a transformação dessas cascas em bioplásticos é uma maneira de valorizar esse resíduo e reduzir o impacto ambiental causado pelo uso de plásticos não biodegradáveis.
Os pesquisadores utilizaram cascas de bananas da variedade Cavendish, que é a mais consumida e cultivada no mundo. Essas cascas foram secas e moídas, resultando em um pó que foi transformado em filmes bioplásticos. Foram investigados diferentes pré-tratamentos e a adição de carboximetilcelulose nos filmes, a fim de melhorar suas propriedades. O pré-tratamento hidrotérmico, que utiliza apenas água, mostrou-se eficaz para solubilizar a pectina presente nas cascas de banana.
Os filmes bioplásticos produzidos apresentaram excelentes propriedades mecânicas, comparáveis às de outros filmes feitos a partir de subprodutos integrais, como os de abacate. Além disso, esses filmes bloquearam mais de 98% da radiação ultravioleta na faixa UVA e mais de 99,9% na faixa UVB, o que os torna ideais para proteger os alimentos contra esse tipo de radiação.
Outra vantagem dos filmes bioplásticos de casca de banana é a sua capacidade antioxidante. Eles retêm, no mínimo, 50% da atividade antioxidante da matéria-prima utilizada. Além disso, alguns dos filmes apresentaram superfícies hidrofóbicas, que repelem a água, o que é interessante para embalagens de alimentos.
A utilização das cascas de banana como matéria-prima para a produção de bioplásticos é uma forma de evitar o desperdício de alimentos e prolongar a vida útil dos produtos. Além disso, contribui para a bioeconomia circular, promovendo a transição para uma economia mais sustentável.
O próximo passo dos pesquisadores é desenvolver o filme bioplástico em escala piloto, tornando o processo ainda mais interessante do ponto de vista industrial. A aplicação desses filmes como embalagens de alimentos pode trazer benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a saúde dos consumidores.
O estudo foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e foi publicado no Journal of Cleaner Production. A pesquisa abre caminho para o aproveitamento de resíduos agroalimentares e para a redução do impacto ambiental causado pelo uso de plásticos convencionais.
Portanto, a transformação das cascas de banana em bioplásticos de alta qualidade mostra-se uma solução sustentável e inovadora, promovendo a valorização de resíduos e contribuindo para um futuro mais sustentável.