Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) utilizaram um solvente verde, o ácido acético, para fracionar a lignina kraft, um resíduo abundante da indústria brasileira de papel e celulose. Essa abordagem sustentável visa separar a lignina em porções específicas, tornando-a mais aplicável em diversas áreas, desde materiais avançados até nanotecnologia.
A lignina é uma molécula complexa e heterogênea, e a lignina kraft é gerada como subproduto do tratamento do eucalipto pelo processo kraft para isolamento da celulose. Por ser o resíduo mais comum na indústria de papel no Brasil, os pesquisadores viram a oportunidade de agregar valor a esse material. O ácido acético foi escolhido por ser de baixo custo, renovável, biodegradável e seguro, podendo ser produzido a partir de resíduos.
O grupo de pesquisa desenvolveu um processo verde para obter frações específicas de lignina kraft, com diferentes propriedades, utilizando diferentes concentrações de ácido acético. Essas frações foram usadas para produzir nanopartículas com capacidade de proteção UV, mostrando eficiência na encapsulação de ativos.
Além disso, os pesquisadores estão investigando a biodegradação das nanopartículas para reduzir a emissão de microplásticos no ambiente. O objetivo é encontrar aplicações específicas para cada fração de lignina, considerando a correlação estrutura-desempenho, e desenvolver protocolos para comprovar a biodegradabilidade das nanopartículas em nanoescala.
Essa pesquisa, apoiada pela FAPESP, visa não só agregar valor a um resíduo da indústria, mas também contribuir para a redução do impacto ambiental causado por microplásticos na agricultura. Os pesquisadores estão em busca de parcerias com a indústria para comercialização dos possíveis produtos derivados das frações de lignina e continuam explorando novas aplicações para essas nanopartículas.
Informações da Agência FAPESP