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Cientistas brasileiros terminam o seqüenciamento do genoma do café

Publicado em 11 agosto 2004

O código genético do café já não é mais segredo. Cientistas brasileiros concluíram o primeiro seqüenciamento em grande escala do genoma do cafeeiro e construíram o maior banco de dados do mundo para o grão. São 200 mil seqüências de DNA. O seqüenciamento permitiu a identificação de mais de 30 mil genes responsáveis pelos diversos mecanismos de crescimento e desenvolvimento da planta. O anúncio oficial do seqüenciamento foi feito na manhã de ontem, na sede da Embrapa, pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Ele também assinou contrato de cooperação técnica regulamentando o acesso e o uso dessas informações, que serão guardadas pela Rede de Genomas Agronômicos e Ambientais da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), em Brasília. Com o sucesso do Projeto Genoma do Café, iniciado em fevereiro de 2002, o Brasil lidera a pesquisa genética da bebida e os cientistas brasileiros passam a deter um maior conhecimento sobre o genoma do vegetal. O Brasil é um dos poucos países do mundo que domina a tecnologia do seqüenciamento de genomas completos. Recentemente, o País concluiu o seqüenciamento do código genético da Xylella, do Xantohmonas e da cana-de-açúcar. As informações geradas pelo Projeto Genoma, diz o ministro Rodrigues, beneficiarão toda a cadeia produtiva do café, especialmente os pequenos produtores possibilitando a inclusão tecnológica da agricultura familiar. Com o domínio do código genético é possível o desenvolvimento de variedades mais produtivas, tolerantes a variações climáticas (como seca e geada) e resistentes ao ataque de pragas e doenças que hoje são controladas com defensivos agrícolas. Segundo Roberto Rodrigues, o seqüenciamento do genoma abre um "horizonte extraordinário" para a competitividade da cafeicultura nacional, reduzindo os custos de produção e aumentando a qualidade do nosso produto. "A produtividade e a qualidade do nosso café serão potencializadas pelo melhoramento genético das plantas". O ministro ressaltou que, com o seqüenciamento, o País assume a liderança na corrida pelo patenteamento dos genes do café e ganha pelo menos duas décadas em termos de avanço na pesquisa e no melhoramento da cultura. O consumidor também será beneficiado. Os dados gerados pelo Projeto aceleram a obtenção de outras cultivares de melhor qualidade, com mais aroma e sabor e melhores propriedades nutracêuticas (teores de cafeína, vitaminas e sais minerais). "Isso representa uma vanguarda brasileira em termos científicos", afirmou o ministro, ressaltando que, a partir do genoma, o Brasil, que já é o maior produtor, maior exportador e segundo consumidor mundial de café, aumentará ainda mais sua competitividade no setor. Banco de dados O contrato de cooperação assinado ontem pela Embrapa, Fapesp e Instituto Uniemp prevê que o banco de dados pode ser acessado gratuitamente por seis instituições públicas de ensino e pesquisas ligadas à Fapesp e 17 órgãos e instituições que integram o Consórcio Brasileiro de Pesquisas e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café). Em 2006, outras instituições públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, também poderão acessar a base de dados mediante o pagamento de royalties. Coordenado pela Embrapa, o CBP&D/Café atua em todos segmentos da cadeia produtiva. Ontem, o consórcio reúne 703 pesquisadores de 40 instituições, envolvidos em 101 projetos, com 382 subprojetos. É a maior experiência mundial de integração de instituições e pesquisadores em torno de um único produto. (Agência Brasil)