Um paciente com câncer em estado grave apresentou melhoras após receber uma nova terapia celular. Vamberto Luiz de Castro, de 62 anos, foi a primeira pessoa na América Latina a participar do tratamento em caráter experimental. As informações são do Estadão.
Com linfoma avançado e menos de um ano de expectativa de vida, o paciente foi submetido ao tratamento, feito a partir das próprias células. Apenas 20 dias depois, os sintomas começaram a regredir e Castro deverá receber alta neste final de semana.
“Os gânglios no pescoço do paciente desapareceram, ele parou de tomar morfina para dor, ganhou três quilos, voltou a andar”, declarou Renato Cunha, diretor do Centro de Transplante de Medula do Hemocentro de Ribeirão Preto. “Temos todos os sinais de que o organismo respondeu; ou seja, conseguimos provar o conceito e mostrar que funciona muito bem", revelou à reportagem do Estadão.
A terapia foi desenvolvida pelo Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp-USP) do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, tornando o Brasil um dos poucos países que contam com a tecnologia. Ao longo dos próximos seis meses o tratamento continuará sendo testado, e a expectativa é de que no futuro seja disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde.
Segundo os especialistas, a terapia é feita com células T retiradas do paciente geneticamente modificadas. Em grande parte dos cânceres, as células de defesa não conseguem combater a doença, que acaba sendo proliferada. “Quando fazemos a alteração genética, as células de defesa voltam a “enxergar” as células cancerígenas e podem destruí-las, explicou Cunha.
Para a alteração genética, os pesquisadores incluíram uma proteína nas células T, deixando-as mais sensíveis a alguns tipos de linfoma. Depois, as células foram inseridas novamente no paciente, permitindo que elas destruíssem as células cancerígenas. “As células T modificadas passam a se multiplicar aos milhões no organismo do paciente, fazendo com que o sistema imune passe a identificar as células cancerígenas do linfoma como inimigos a serem atacados e destruídos.”
Dimas Tadeu Covas, hematologista da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e coordenador do CTC, afirma que esse deve ser considerado o maior avanço no tratamento do câncer. “Não tenho dúvidas de que esse é o futuro do combate ao câncer. As terapias com anticorpos monoclonais hoje são rotina no tratamento de vários tipos de câncer; estou seguro de que vamos seguir o mesmo caminho com a terapia celular.”