Um parasita até agora desconhecido é apontado como o responsável por ter causado duas mortes e deixado 150 pessoas com infecções graves em Aracaju, em Sergipe. De acordo estudo publicado nesta segunda-feira, 30, pela revista "Emerging Infectious Diseases", a espécie de parasita flagelado provoca os sintomas comuns da leishmaniose, mas é mais resistente aos tratamentos.
A descoberta foi feita a partir da comparação entre os genomas do parasita não catalogado com os do gênero Leishmania sp. Esta comparação revelou que, apesar da similaridade nos sintomas da doença (febre, aumento do baço e fígado e manchas avermelhadas na pele), a carga genética dele era mais parecida com a de outro parasita, o Crithidia fasciculata.
"Os genomas se parecem, mas não são iguais. A semelhança é a mesma que existe entre homens e macacos, por exemplo, e é por isso que podemos dizer que é um novo parasita", disse o professor Roque Pacheco de Almeida, um dos autores da pesquisa.
O trabalho foi desenvolvido no Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID), em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e teve financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp). Todos os casos foram identificados durante os oito anos da pesquisa.
Para o professor Roque Pacheco de Almeida, da Universidade Federal de Sergipe, ainda é cedo para cravar se o parasita é resultado de uma mutação e ainda não se sabe qual a sua origem. Entretanto, não se trata de um caso isolado.