Epilepsia é uma condição médica em que, por um determinado período de tempo, há um mau funcionamento do cérebro, levando a perturbação da atividade das células nervosas no cérebro, causando convulsões.
Recentemente, um importante passo foi tomado para aprofundar o entendimento de um dos tipos de epilepsia – a do lobo temporal mesial (ELTM), considerada a mais comum e refratária ao tratamento farmacológico.
O estudo feito por cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostra que, apesar das semelhanças fenotípicas (características observáveis da doença), há diferenças no processo de decodificação da informação genética entre os pacientes com a variante familiar e a esporádica.
Foi avaliado, pela primeira vez, o perfil do RNA mensageiro (mRNA, molécula que contém a informação para a produção de proteínas) de tecido cirúrgico obtido de pacientes com a ELTM familiar, que foi comparado com a ELTM esporádica.
RESULTADO
Ao analisar os dados, os resultados da pesquisa apontam que, apesar das semelhanças fenotípicas, as duas formas de epilepsia do lobo temporal mesial apresentam assinaturas moleculares distintas, sugerindo diferentes mecanismos moleculares.
A partir da descoberta, o grupo vem procurando compostos e substâncias que poderão ser candidatos a novas alternativas de tratamento. Outro passo já em andamento é a busca por eventuais mutações genéticas que podem levar à doença.
DESTAQUE
A pesquisa desenvolvida por integrantes do Instituto Brasileiro de Neurociência e Neurotecnologia (BRAINN), é destaque em edição especial da revista científica Society for Experimental Biology and Medicine (SEBM). A edição temática é dedicada às contribuições de mulheres líderes em ciências biomédicas de vários países, incluindo o Brasil. E tem o propósito de reconhecer o papel fundamental delas em esferas acadêmicas e para inspirar a próxima geração de cientistas.
“Essa edição especial é uma homenagem às mulheres cientistas consideradas líderes, que incluem e incentivam suas orientandas em mentorias e entre os autores dos trabalhos. Acho extremamente gratificante poder formar alunos e vê-los se colocando, mas fico particularmente feliz de formar mulheres pesquisadoras, que também já estão ocupando posições de liderança”.
Afirmou a neurocientista e autora correspondente do artigo Iscia Lopes-Cendes. Ela é professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e integrante do BRAINN, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP.
Danielly Azulay - Redação