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Cientistas brasileiros avançam nas pesquisas sobre o Alzheimer (1 notícias)

Publicado em 09 de fevereiro de 2002

São Paulo - Pesquisadores brasileiros podem ter encontrado uma maneira de detectar o mal de Alzheimer muito antes do surgimento dos primeiros sintomas. A chave para o diagnóstico precoce seria a enzima fosfolipase A2 (ou PLA2), cuja concentração no sangue é reduzida em pacientes de Alzheimer proporcionalmente ao grau de degeneração no cérebro. Os sintomas da doença, principalmente a perda de memória, só costumam aparecer por volta dos 60 anos, mas a taxa de PLA2 poderia servir como um indicador do mal até 30 anos antes. A descoberta é do psicoterapeuta Wagner Gattaz, do* Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Junto com os pesquisadores Cássio Bottino e Orestes Forlenza, ele confirmou em pacientes brasileiros os resultados que já havia obtido na Alemanha, na década de 90, quando era chefe da Unidade de Neurobiologia da Universidade de Heidelberg. "Percebemos que quanto mais reduzida a atividade da enzima, mais grave são os eleitos da doença. A perda de memória é mais acentuada e os pacientes morrem mais cedo." Hoje, um diagnóstico conclusivo de Alzheimer só é possível após a morte do paciente, pela autópsia do tecido cerebral. A fosfolipase A2 é produzida pelo pâncreas como uma enzima digestiva e está presente em todas as células do corpo, inclusive nos neurônios, as células no cérebro que são destruídas pelo Alzheimer. Ela digere os fosfolípedes que compõem a membrana celular, podendo alterar seu comportamento e estrutura. Quando a expressão da enzima no organismo é alterada, podem surgir problemas, conforme constataram os pesquisadores. Gattaz deixa claro, entretanto, que nem todas as pessoas com níveis baixos da PLA2 terão Alzheimer e que são necessárias mais pesquisas para que a enzima seja confirmada como um "marcador" da doença. "Produzimos uma hipótese, que ainda precisa ser testada." O psiquiatra começou a suspeitar da PLA2 quando pesquisava esquizofrenia em Heidelberg, ainda nos anos 80. Nesse caso o quadro era inverso: em pacientes esquizofrênicos, os níveis da enzima eram elevados. Como pessoas esquizofrênicas raramente desenvolvem Alzheimer, uma pesquisa levou à outra. Gattaz voltou ao Brasil em 1996 e, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), montou um laboratório para estudar as duas doença. O trabalho está relatado na revista Pesquisa Fapesp.