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Rural Pecuária

Cientistas apostam em clonagem para aumentar produtividade da pecuária

Publicado em 14 fevereiro 2019

Cientistas do Brasil encontraram fatores que determinam se o embrião bovino clonado tem potencial ou não de se desenvolver e indicam se a gestação será bem-sucedida. Esse resultado pode levar a um processo maior de eficiência da clonagem.

Segundo a Agência Fapesp, a taxa de produção de embriões a partir da clonagem varia entre 35% e 40%, considerada satisfatória e próxima da taxa de sucesso de embriões gerados in vitro. No entanto, apenas uma pequena fração das gestações de embriões clonados resulta no nascimento de bezerros.

“Quando comecei a fazer clonagem no fim dos anos 1990 e início dos 2000, a taxa de produção de embriões a partir de clones era muito baixa, 3% a 7%. Hoje ela está compatível com a da fecundação in vitro, às vezes até melhor. A taxa de gestação também é satisfatória, entre 25% e 50%”, destaca o professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP), Flávio Vieira Meirelles.

No entanto, destaca o especialista, a perda gestacional ainda é muito grande. “Numa série de trabalhos que fizemos com a iniciativa privada até 2008, dos quase mil embriões que transferimos para as vacas, apenas 53 resultaram em bezerros”, Meirelles estuda formas de melhorar as taxas de sucesso de nascimento de clones por meio de um projeto financiado pela FAPESP, num acordo de cooperação com o Biotechnological and Biological Sciences Research Council, do Reino Unido.

Reprogramação celular

A chave para os resultados esperados pode estar na descoberta de microvesículas presentes em células somáticas dentro do folículo, estrutura que dá origem ao ovócito (célula germinativa feminina), que por sua vez origina o óvulo.

“Dentro dessas microvesículas estão os fatores ligados à reprogramação do ovócito que vão controlar a parte epigenética da célula [processos bioquímicos que controlam a ativação ou silenciamento de genes]. Essa é uma maneira pela qual o ovócito adquire a capacidade de se tornar uma célula capaz de reprogramar qualquer outra”, disse.

Essas microvesículas poderão ser também detectadas no sangue da vaca prenhe de um clone ainda no início da gestação. Pela análise dos microRNAs presentes nas microvesículas, será possível determinar se a gestação tem potencial de ir a termo.

“Precisamos saber o que está acontecendo para aumentar a qualidade do embrião e, então, melhorar o número de indivíduos que nascem saudáveis”, disse.

A compreensão desse mecanismo abrirá caminho para que embriões de clones sejam tão eficientes quanto os gerados por fecundação in vitro. A partir daí, será possível fazer clones em larga escala. As dificuldades atuais fazem com que apenas alguns poucos reprodutores sejam gerados a partir de clonagem e com alto custo.

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