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Diário de Pernambuco

Cientistas acham novas espécies de animais (1 notícias)

Publicado em 30 de maio de 2004

SÃO PAULO - Fazer pesquisa no Brasil não é fácil. Pesquisadores catalogando peixes em riachos na bacia do Alto Rio Paraná passaram por uma experiência única. Usando uma rede eletrificada, dois pesquisadores, cada um segurando uma ponta da rede de um lado do riacho, davam um choque nos peixes que passavam para fazer o inventários deles. O trabalho faz parte do Programa Biota/Fapesp (www.biota.org.br) e já registrou 12 novas espécies de peixes, além de vários choques nos pesquisadores. "Foi hilário e ao mesmo tempo tenso, pois o choque era respeitável", diz Carlos Alfredo Joly, coordenador do programa que está completando cinco anos em 2004. Idealizado como um programa de catalogação, conservação e uso sustentável da biodiversidade do Estado, o Biota já tem um banco de dados com quase 8 mil espécies de fauna, flora e microorganismos — pelo menos 152 delas ainda eram desconhecidas da ciência. Até o fim do projeto. que tem mais dez anos, milhares de outras espécies serão catalogadas, mas ninguém ousa prever quantas. "A comparação que faço é: quantas estrelas há no céu? Ninguém sabe. Estamos na mesma situação em relação à biodiversidade do nosso Estado", afirma Joly. Os números já consolidados impressionam. Entre os invertebrados marinhos coletados no Litoral Norte, entre os municípios de São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba, foram catalogadas 800 espécies, mais de 70 delas desconhecidas da ciência. Com as borboletas ocorreu algo semelhante. Havia 1.538 delas registradas no Estado. O Biota achou mais de 1.600 espécies e o número continua crescendo. Aumenta, igualmente, o número de carros atolados pelos 600 pesquisadores que trabalham nos mais de 50 projetos que compõem o Biota. "Quando você entra em estradas menores, isso acontece. No nosso caso. virou rotina", comenta Joly. Parte do que foi catalogado pelo Biota estará, na forma de 50 painéis, na exposição "Cores e Sombras da Biodiversidade do Estado de São Paulo", a partir de terça-feira, às 19h30, no Centro Cultural Citibank (Avenida Paulista, 1.111). "Ela está estruturada de forma que a pessoa seguirá um caminho semelhante ao que encontraria se entrasse no Estado de São Paulo pelo Litoral Norte", explica o pesquisador.