Ricardo Serafim mora na Alemanha e participa do desenvolvimento no tratamento por meio de uma molécula
O "santista de coração" Ricardo Serafim, de 35 anos, participa dos estudos de uma molécula que pode servir como um novo tratamento contra o câncer. Em entrevista para A Tribuna, o cientista, que mora atualmente na Alemanha, explica a importância da pesquisa e conta que os estudos iniciais se mostram promissores.
Serafim é pesquisador na Universidade de Tübingen e explica que o estudo consiste no desenvolvimento de uma molécula que auxiliaria no tratamento da doença. "A gente desenvolveu uma molécula para uma proteína chamada MPS1, que quando está muito ativa, é importante em alguns tipos de câncer, principalmente câncer sólidos, como de mama e fígado. E, quando a proteína está muito ativa, ela auxilia na multiplicação das células, acaba ocasionando o câncer. Basicamente o que a gente fez foi trabalhar para desenvolver uma molécula que conseguisse inibir a atividade da proteína por meio de um mecanismo diferente".
A notícia é animadora para os cientistas. Porém, o tempo médio para um medicamento chegar às prateleiras das farmácias pode se levar 10 a 15 anos, se todos os estudos derem certo. Isso porque é preciso passar por uma série de etapas. Atualmente, o estudo está em fase pré-clínica, onde ainda não é aplicado em pessoas.
"Os resultados iniciais dos testes são bem promissores e interessantes e é por isso que pretendemos continuar trabalhando com isso, para, se tudo der certo, conseguir fazer a avaliação em humanos, mas ainda teremos uma longa jornada".
O estudo é uma colaboração entre pesquisadores da Universidade de Tübingen e pesquisadores do Centro de Química Medicinal da Universidade de Campinas (Unicamp).
O pesquisador reforça que é fundamental que as pessoas entendam que muitas das coisas ao redor vieram graças à ciência e, por isso, é importante continuar acreditando no trabalho dos cientistas. "A gente viu a questão da pandemia, que acho que mostrou pra todo mundo a importância da ciência, e além disso a importância dos cientistas serem ouvidos, pois tem a competência".
Ricardo é da cidade de São Manuel, no interior de São Paulo, onde morou até os 18 anos. Ele se considera santista de coração pois veio para a cidade pra fazer faculdade de farmácia na Faculdade Católica de Santos. "Depois meus pais se mudaram pra Santos, então hoje todos (pais, irmã e sobrinhos) moram em Santos. Meus sobrinhos são santistas, inclusive".
Após se graduar em farmácia, Serafim realizou mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo. Em seguida, ele realizou pós-doutorado na Unicamp e conseguiu uma bolsa pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) para ir a Alemanha, em 2019.
Por enquanto, Serafim pretende ficar na Alemanha pra continuar trabalhando na pesquisa.