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Jornal Cidade (Rio Claro, SP) online

Cientista de Rio Claro pesquisa vacina contra a Aids no Brasil

Publicado em 27 outubro 2013

Por Adriel Arvolea

A rio-clarense Susan Pereira Ribeiro está à frente de um importante desafio na área da ciência: o desenvolvimento da vacina contra a Aids. Aos 32 anos, a pesquisadora integra equipe de brasileiros envolvidos na criação e testes da HIVBr18. Trata-se de uma vacina profilática, ou seja, aplicada na pessoa antes de ser infectada pelo vírus HIV, agindo na prevenção contra a doença (Aids).

De acordo com a pesquisadora, busca-se encontrar o método de imunização mais eficaz em humanos.
"Como o HIV tem vários subtipos, foram selecionadas regiões conservadas que não sofrem mutação. Caso esta ocorra, o vírus vai ter uma deficiência de multiplicação e será extinto", explica Susan. A vacina não vai impedir a infecção, mas o indivíduo que for vacinado e se infectar não será capaz de transmitir o vírus. "A equipe de pesquisa espera que, pela resposta da vacina, as células do sistema deste indivíduo sejam capazes de controlar a viremia (presença de vírus no sangue), sem a progressão para a Aids", esclarece Susan.

As etapas da vacina compreendem ensaios pré-clínicos (animais) e clínicos (três fases envolvendo humanos). "Neste mês de outubro, última etapa do teste pré-clínico, estamos testando macacos-Rhesus, da colônia do Instituto Butantan. Os testes em primatas é em função da semelhança com o sistema imunológico humano e o fato de eles serem suscetíveis ao SIV, vírus que deu origem ao HIV", explica. Esta fase de estudos deve durar de três a cinco anos.

Posteriormente, o ensaio clínico de fase 1 deverá abranger uma população saudável e com baixo risco de contrair o HIV, que será acompanhada de perto por vários anos. Nesse primeiro momento, além de avaliar a segurança do imunizante, o objetivo é verificar a magnitude da resposta imune que ele é capaz de desencadear e por quanto tempo os anticorpos permanecem no organismo. Se a HIVBr18 for bem-sucedida nessa primeira etapa da fase clínica, poderá despertar interesse comercial. A esperança dos cientistas é atrair investidores privados, uma vez que o custo estimado para chegar até terceira fase dos testes clínicos é de R$ 250 milhões. Até o momento, somando o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do governo federal, foi investido cerca de R$ 1 milhão no projeto.

Mesmo com o estágio atual de desenvolvimento da vacina, há anos pela frente de pesquisa. Por isso, a única maneira de se evitar o contágio é a prevenção. "Os medicamentos antirretrovirais representam grande avanço para os soropositivos. Mas para se proteger do HIV, o uso do preservativo nas relações sexuais é de fundamental importância", conclui a pesquisadora.

Esta é uma reprodução da notícia publicada na edição impressa do Jornal Cidade