A crise que se avizinha tanto na escassez de energia como também na escassez de alimentos em vários pontos do mundo pode escancarar grandes oportunidades para o Brasil dar um grande salto de desenvolvimento nos próximos anos. A reflexão é do cientista Sylvio Goulart Rosa Júnior, presidente da Fundação Parque de Alta Tecnologia, o ParqTec, de onde já nasceram dezenas de empresas inovadoras.
O professor Rosa Júnior ressalta que o clima do Brasil, com sol durante os 12 meses do ano, somada às novas tecnologias no campo geradas principalmente pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), geraram, para o país, a chamada “Agricultura Tropical”. “É um fenômeno que só existe no Brasil, um diferencial muito grande e que coloca o Brasil no topo dos países que podem fornecer comida para todo o planeta”, explica.
Além disso, o pesquisador destaca que neste momento em o planeta, afetado pela Guerra da Ucrânia, vive uma grande crise de escassez energética, o Brasil surfa com um grande leque de possibilidades de geração de energia, que vão desde a eólica, gerada pelos ventos até o etanol e a eletricidade. “O Brasil é o único país onde o álcool é um combustível viável. Em lugar nenhum do planeta isso deu certo. A geração de álcool através do milho nos Estados Unidos, por exemplo, é muito caro. Além disso temos muitos meios de gerar energia através da biomassa, com alternativas renováveis”, destaca Rosa Júnior.
CARRO ELÉTRICO
Rosa Júnior também comemora o carro elétrico brasileiro que vai utilizar um motor movido à etanol para abastecer a bateria elétrica. “É uma alternativa muito interessante para o Brasil este motor híbrido dos automóveis”, comenta ele.
“Temos complexo de vira-latas e não temos muito orgulho de nossas conquistas. O álcool como combustível só deu certo no Brasil. O combustível renovável como o etanol com carbono zero. A cana vira açúcar, vira álcool e ainda é reciclável. Só o Brasil tem isso. O álcool da cana é o mais barato do mundo”, afirma ele.
Rosa Júnior explica que na Europa, a eletricidade é gerada por energia termelétrica. “Lá é tudo contra. Aqui temos 8 milhões de quilômetros quadrados com sol o ano todo. Temos uma Costa de 8 mil quilômetros de comprimento de costa e o melhor vento do mundo”, comemora o cientista.
No próximo dia 7 de dezembro a fundação vai completar 38 anos tendo gerado 250 empresas durante este período. Segundo Rosa Júnior, a geração de empresas de alta tecnologia pode ser dividida em dois períodos: antes e depois do Plano Real em 1994, que rompeu com a pequena geração de empresas e o baixo índice de sobrevivência das mesmas. “Surgiram o SEBRAE, a FAPESP e as universidades com agências de inovação, devolvendo à sociedade a tecnologia gerada em suas dependências e mudando o Brasil”, comenta ele.