A Fundação de Amparo à Pesquisa de SP (Fapesp) completa 40 anos de existência como instituição-modelo de fomento à ciência e à tecnologia, inclusive para padrões internacionais
O feito é raro, mas não isolado. países de renda média, como o Brasil, devem parte de sua força à capacidade de produzir alguma tecnologia, ainda que no marco mais amplo da crescente dependência externa.
O esforço é visível em outros países onde mazelas sociais e políticas não impediram as elites locais de dar saltos tecnológicos importantes. Índia e Coréia do Sul são casos similares. Como o Brasil, ocuparam nichos em setores de tecnologia de ponta.
O que se destacou em várias dessas experiências, apesar da dependência tecnológica mais ampla, do populismo estatal e do corporativismo acadêmico, foi a emergência de tecnocracias públicas (não raro criadas sob estímulo de projetos militares regionais), aferradas a objetivos estratégicos de longo prazo.
No caso da Fapesp, o projeto Genoma, sucesso mais recente, ganhou ampla cobertura da mídia. Foram investidos milhões de dólares num modelo de formação de consórcios de pesquisa que privilegiou a cooperação entre centros de pesquisa e a formação de redes.
O mesmo modelo deve ser estendido a outros setores, como a Internet. Ganhar as páginas dos jornais e revistas do país e do exterior é um aspecto importante. A Fapesp investe cada vez mais na divulgação científica.
A formação de uma cultura empreendedora em P&D é tão crucial quanto a disponibilidade de recursos para projetos. Essa cultura é ainda frágil no Brasil, tanto nos círculos acadêmicos quanto nos empresariais, em que a prática de importar tecnologia predomina há décadas.
Romper esse padrão 'provinciano' é um dos desafios para conferir mais solidez às bases do desenvolvimento, tarefa na qual instituições como a Fapesp têm papel fundamental a exercer.
(Folha de SP, 4/6)
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