Notícia

Um Só Planeta

Cidades "travadas", mares e animais ameaçados: o futuro que precisamos evitar, segundo os brasileiros do IPCC (119 notícias)

Publicado em 07 de março de 2022

Oeste Ao Vivo Garça em Foco Jornal A Voz do Povo online (Uberlândia, MG) Notícias da Sua Cidade Portal Antenados Grava News - Jornal de Alfenas Portal O Guardião Relato News Jornal Estação online O Repórter Regional online Mirante da Bocaina Mix Vale Jornal Cidade - Rio Claro Suinocultura Industrial Verguia Cidade Azul Notícias UDOP - União dos Produtores de Bioenergia Giro Notícias Goiás Jornal Imprensa Regional online Z1 Portal de Notícias Correio Nogueirense Meio Filtrante online Blog Jornal da Mulher Combate Racismo Ambiental Canal – Jornal da Bioenergia online Garanhuns Notícias E&P Brasil Portal Macaúba eCycle Portal Neo Mondo Consecti - Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I Revista Amazônia Jornal Cidade - Rio Claro Ciclo Vivo Saense Canal Rural O Presente online Itaporã News InfoMais Mustach 360 News Transmitindo Dipu - Diário Popular (São Paulo, SP) A Notícia Digital CV Agora TV Cariri Tudo é Política Diário de Notícias Web Giro Goiás Grupo Bom dia Jornal do Litoral online TV Caparaó Brasilagro Água Fria Notícias Cabreúva Online Destaque Jornal Difusão Brasil Jornal Tabloide online (Cotia, SP) Jundiaí Online Notícia Diária Oficial News Papo de Imprensa Portal Paripiranguense Portal Euclidense Rádio Astral 87,5 FM Portal Macaúba Amazônia 360º Jornal Cidade - Rio Claro Ciência na rua Morato Hoje Ligado na Notícia Portal Nosso Goiás Voz da Terra Toda Palavra online Ponta Porã News RBS Notícias Itapevi online Folha de Itapetininga BanjomanBold Jornal MT Revista START Minuto Cidade Outras Palavras BSB Digital Peabiru.net APM - Associação Paulista de Municípios Rondônia On Campo e Negocios

Apesar de diversos alertas, o mundo parece que está sendo "pego de surpresa" pelas mudanças climáticas, uma situação que ainda pode se agravar muito devido ao despreparo generalizado. Essa é a impressão que fica depois de ouvir cinco pesquisadores brasileiros, quatro mulheres e um homem, que foram autores de capítulos do segundo relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, das Nações Unidas), publicado na última segunda-feira (28).

Os cientistas que ajudaram a escrever o documento, uma referência global na avaliação climática, se reuniram online em encontro promovido pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para discutir “implicações para o Brasil e para o planeta”.

A discussão ampliou o número de questões a se observar nos próximos anos, como a infraestrutura das cidades, que deve ser alterada para resistir aos impactos de eventos extremos, e ainda a disparidade de conhecimento no Brasil entre biomas superpesquisados e outros de que se tem poucas informações sobre a alteração na biodiversidade.

A segunda parte da avaliação do IPCC (a primeira foi publicada no ano passado) vem dimensionar os impactos potenciais para a sociedade, economia e meio ambiente do aquecimento global causado pelo homem e considerado incontestável. “Não estamos mais falando dos efeitos futuros da mudança climática. Eles são fatos que já têm um impacto muito grande sobre o meio ambiente”, afirmou o presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, médico, pesquisador e ex-reitor da USP (Universidade de São Paulo).

Além disso, a visão separada do clima, como um problema isolado das atividades econômicas e das estruturas sociais, é um equívoco a ser urgentemente derrubado, algo que atrapalha a articulação política de ações mais amplas de inovação e adaptação climática, afirmaram os pesquisadores no encontro na última quinta-feira (3). Adaptar-se, aliás, deve estar no topo das agendas dos países.

Justiça climática e a responsabilidade dos países ricos

“O desenvolvimento econômico, a desigualdade e a mudança climática exacerbam um ao outro”, ponderou a pesquisadora Patrícia Pinho, do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), responsável pelo capítulo que aborda pobreza, subsistência e desenvolvimento sustentável.

Patrícia destaca a questão da justiça climática, uma vez que países ricos, maiores emissores de gases de efeito estufa, têm melhores condições de se adaptar e buscar reverter os efeitos do aquecimento, enquanto populações mais pobres no mundo, que poluem menos, sofrem com catástrofes climáticas como enchentes e altas das marés sem receber ajuda, arcando com efeitos de um problema não causado por estas nações do chamado “Sul Global”.

Os indígenas entram nesta cota de populações vulneráveis. Pela primeira vez, o documento do painel reconhece a sabedoria dos povos das florestas como ferramentas para o combate ao aquecimento do planeta.

A proposição de ações para financiar as nações em desenvolvimento também será tema do terceiro relatório do IPCC, previsto para abril.

O despreparo das cidades, algo flagrante mesmo no mundo desenvolvido, foi destacado pela pesquisadora Maria Fernanda Lemos, da PUC-RJ, uma das autoras do capítulo 12 da avaliação da ONU, sobre América Latina e Caribe.

Além de questões totalmente urgentes, como moradias em locais de risco, um problema antigo e agora acentuado pela incidência de chuvas torrenciais, como as que atingiram o sudeste do Brasil no começo do ano, Maria Fernanda afirma que administrações públicas e iniciativa privada deveriam pensar em cidades mais resilientes ao que está por vir. Não basta conter o risco, é preciso uma adaptação com efeitos permanentes na habitação, nos deslocamentos e na engenharia das cidades.

“É um conjunto perverso [de problemas estruturais] para falarmos em resiliência", afirmou. A pesquisadora chama atenção, por exemplo, para o transporte público, uma estrutura vital das cidades e altamente exposta às intempéries, podendo “travar” as cidades em dias de chuva torrencial.

Pesquisa no Brasil – altos e baixos

3 de 3 O Pampa gaúcho, em imagem de 2013. Região hoje sofre com as secas e tem poucos dados sobre o impacto das mudanças climáticas. — Foto: Brazil Photos/Getty Images

O Pampa gaúcho, em imagem de 2013. Região hoje sofre com as secas e tem poucos dados sobre o impacto das mudanças climáticas. — Foto: Brazil Photos/Getty Images

“Os hotspots de biodiversidade mais bem estudados no mundo estão nas Américas Central e do Sul, são a Mesoamérica, a Mata Atlântica e o Cerrado, isso graças em grande parte à pesquisa brasileira”, afirma Mariana Vale, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A pesquisadora é coautora do capítulo 12 do último relatório do IPCC.

Ao mesmo tempo que a ciência brasileira está na ponta nestes biomas ricos em recursos naturais, em outros ecossistemas do país, há um vácuo de dados. A pesquisadora aponta Pantanal, Pampa e Caatinga como locais com pouco ou nenhum dado no Brasil sobre o impacto das mudanças climáticas.

Segundo os achados da avaliação da ONU, as mudanças climáticas, aliadas a fatores estressores, como poluição e outras ações do homem, causarão perdas e degradação de biodiversidade em todos os ecossistemas do planeta, porém são os biomas marinhos os que estão mudando mais rapidamente. O risco de extinção de espécies nos mares e costas chega a 54% nos oceanos e a 100% nas ilhas oceânicas.

ar pragas