Análise epidemiológica da revista The Lancet Microbe revela padrão de disseminação da doença e fatores de risco para a elaboração de estratégias de controle, prevenção e tratamento
Por Cláudio Ulhoa
Um novo estudo publicado na revista The Lancet Microbe mostrou que a chikungunya, uma arbovirose transmitida por mosquitos, matou mais pessoas do que a dengue no estado do Ceará, Nordeste do Brasil, durante a última década.
A pesquisa revelou que a mortalidade da chikungunya é de 1,3 óbito por mil casos diagnosticados, enquanto a taxa de mortalidade da dengue é de 1,1 por mil. O estudo, que foi o maior e mais abrangente estudo epidemiológico sobre o tema, analisou os casos notificados entre março de 2013 e junho de 2022, onde foram confirmados 253.545 casos de chikungunya em 59,5% dos 5.570 municípios do Brasil.
O estado do Ceará foi o mais afetado, com 77.418 casos durante as três maiores ondas epidêmicas em 2016, 2017 e 2022. Os pesquisadores identificaram que a recorrência de chikungunya no estado foi limitada a municípios com poucos ou nenhum caso relatado nas ondas epidêmicas anteriores, sugerindo que a heterogeneidade espacial da disseminação do vírus chikungunya e a imunidade da população explicam o padrão de recorrência no país.
Os pesquisadores sequenciaram os genomas de vírus chikungunya que causaram a epidemia em 2022 no Ceará e identificaram que a recorrência de chikungunya em 2022 no estado foi associada a uma nova introdução de uma linhagem leste-centro-sul-africana.