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Jornal do Commercio (RJ)

Cetesb divulgará existência de poluição com antecedência

Publicado em 25 janeiro 2007

Por Afra Balazina, da Agência Folhapress

Da mesma maneira que hoje as pessoas podem ver a previsão do tempo e saber se irá chover antes de programar uma viagem à praia, em breve os moradores de São Paulo terão acesso à previsão da qualidade do ar, que informará se haverá poluição na atmosfera com antecedência. Isso possibilitará à população se planejar para não sofrer os efeitos nocivos da exposição a altas concentrações de poluentes. Os dados divulgados serão da região metropolitana de São Paulo, parte do litoral (Baixada Santista) e do interior.
Na prática, a partir da previsão, as pessoas poderão evitar fazer exercícios nos horários em que as concentrações de poluentes são maiores e, em alguns casos, deixar de se exercitar ao ar livre quando a previsão indicar que o dia terá alta concentração de poluentes.
As escolas poderão mudar a tempo aulas de educação física para evitar problemas de saúde nos alunos e até os hospitais poderão se preparar para receber mais pacientes, principalmente com doenças respiratórias, em dias de muita poluição.
O projeto, uma parceria entre o Departamento de Ciências Atmosféricas da USP, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), começou em 2004. O estudo tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A expectativa é de que o modelo de previsão da qualidade do ar fique pronto em julho deste ano. Segundo a professora Maria de Fátima Andrade, da USP, os dados ficarão nos sites do departamento e da Cetesb.
O foco principal do projeto é o ozônio, poluente que constantemente ultrapassa os padrões de qualidade do ar em São Paulo. O ozônio é formado pelas reações entre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis (emitidos por veículos, por exemplo) na presença de luz solar. Por isso, em dias quentes e sem nuvens, a concentração de ozônio é maior.
De acordo com a professora, o material particulado também entrará na previsão porque é um problema grave em São Paulo. Esse poluente é composto das partículas sólidas e líquidas em suspensão na atmosfera com tamanho muito pequeno, o que permite que essas partículas penetrem no aparelho respiratório humano. As principais fontes do material particulado são a emissão dos veículos, processos industriais e queima de biomassa.
Maria de Fátima afirma que a previsão será válida para um período de cinco dias. Para Carlos Lacava, gerente do setor de interpretação de dados da Cetesb, o projeto é um importante esforço de cooperação de diversos órgãos para conseguir implementar um produto de vanguarda no País. A previsão de qualidade do ar já existe em países como Estados Unidos e Austrália.
Segundo Maria de Fátima, a previsão será um modo de olhar para as grandes cidades - para onde a maioria da população se desloca - como fonte significativa de poluentes que podem mudar o clima de forma regional, e que cada vez mais serão responsáveis pelos impactos ao ambiente.
Para calcular a previsão da qualidade do ar é necessário colocar uma série de informações num modelo matemático, como a previsão do tempo para os próximos dias (com chuva e ventos de maior intensidade, os poluentes se dispersam com maior facilidade), a descrição topográfica da área, dados de fontes de emissão de poluentes (veículos e indústrias da região) e informações de química atmosférica.