Quarenta toneladas. É o consumo mensal de maconha no Estado de São Paulo. Cerca de 4% da população do estado, ou seja, aproximadamente 1,5 milhão de pessoas, são usuárias da droga. Na Capital, o número de consumidores da erva chega a 525 mil (5% dos paulistanos). O panorama descrito pelo diretor do Centro de Exames, Análise e Pesquisa, Osvaldo Negrini Neto, levou o Instituto de Criminalística a realizar uma pesquisa diferenciada: pelo estudo químico de amostras apreendidas em nove estados do Brasil, é possível detectar que a maconha consumida em São Paulo não é plantada no estado, e nem vem do polígono da maconha, no Nordeste, e nem das plantações do Maranhão. É basicamente paraguaia.
Negrini Neto, coordenador do trabalho, iniciado há dois anos e ainda em andamento, explicou que a maconha consumida em São Paulo é semelhante às amostras apreendidas no Mato Grosso do Sul, Paraná e Paraguai. "São amostras distintas das enviadas pelo Acre, Pará, Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia. Cremos que a droga consumida no Nordeste é plantada lá mesmo e, apesar de não termos dados do Rio, acredito que essa maconha chega até lá", explicou.
O diretor disse que as análises são feitas com o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e apoiadas pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo). Segundo Negrini Neto, foram feitos dois tipos de análise: a de metais (500 amostras) e a de hidrogênio e carbono (320 amostras, que também passaram por análise de metais).
Negrini Neto afirma que, em São Paulo, as apreensões giram em torno de 10% a 15% da droga consumida no estado. "Várias apreensões feitas pelo Departamento de Narcóticos foram feitas investigando a rota Paraguai-São Paulo, via Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o que mostra que nossa pesquisa caminha corretamente", disse. Segundo o diretor, as plantações de maconha em São Paulo são em número inexpressivo. Em 2002, a Polícia Federal erradicou, no Sudeste, 289 pés de maconhas, ao passo que no Nordeste foram erradicados 2.259.103. Em 2003 e 2004 a Polícia Federal não registrou erradicações de pés no Sudeste.
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Diário de S.Paulo