A medicina translacional está oferecendo , no Brasil, mais rapidez na chegada do conhecimento científico até o atendimento na saúde pública, ao estabelecer a conexão entre a criação e a aplicação desse conhecimento, integrando pesquisadores das áreas básica e clínica para uma melhor assistência à população.
O marco histórico da medicina translacional ocorreu quando o Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos passou a realizar simpósios a fim de discutir a importância da investigação clínica para que ela tivesse capacidade de transformar o conhecimento advindo da área básica, visto que o desenvolvimento alcançado pela investigação clínica não era adequado para fazer isto na velocidade e com a eficiência necessárias.
" O objetivo era estimular a formação de equipes multidisciplinares e criar uma cultura de aproximação da área básica com a área clínica e, principalmente, fazer com que aquilo que resultou da pesquisa básica - e que foi visto como útil na pesquisa clínica - chegasse até o paciente. O desafio era também levar o conhecimento produzido na universidade para a saúde pública" , disse fisiologista Eduardo Moacyr Krieger, professor emérito da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
Eduardo Krieger, que criou o Programa de Cardiologia Translacional do Instituto do Coração (InCor), o mais importante grupo de medicina translacional do Brasil, citou como marco no campo o apoio da Fapesp por meio de Projetos Temáticos, que incentivaram a pesquisa multidisciplinar envolvendo profissionais de diferentes origens. " Também a USP criou um programa de Apoio à Pesquisa para incentivar projetos multidisciplinares e promover a integração em assuntos temáticos" , disse.
Avanços no Brasil
" No plano público, o Ministério da Saúde criou a Rede Nacional de Pesquisa Clínica, que congrega cerca de 35 hospitais universitários e que, inicialmente, forneceu financiamento para que os hospitais criassem uma infraestrutura capaz de fazer a pesquisa clínica. E as grandes universidades também estão criando os seus centros - em Porto Alegre, a Finep financiou a construção de um prédio para investigação clínica" , disse Krieger.
Atualmente, Eduardo Krieger coordena um Projeto Temático por meio do qual pesquisa a obtenção de biomarcadores da evolução terapêutica dos pacientes - para saber se um paciente responde melhor ou pior a um determinado tratamento.
O pesquisador também coordena um projeto do Ministério da Saúde e do CNPq que investiga a porcentagem de brasileiros resistentes à terapêutica da hipertensão e qual a melhor quarta droga a ser administrada aos pacientes do SUS. O objetivo é transformar o que se vê na pesquisa clínica em medidas para a saúde pública.
Fonte: isaude.net