O Brasil se prepara para dar mais um passo na corrida internacional para a produção eficiente de etanol de segunda geração. O Centro de Tecnologia do Bioetanol (CTBE) começa a ser implementado em setembro deste ano, quando suas instalações começam a ser construídas no campus do LNLS.
Paralelamente, o centro está implantando, em terreno doado pela prefeitura de Campinas nos arredores do LNLS, uma planta-piloto voltada especialmente para o desenvolvimento da pesquisa em hidrólise enzimática, processo que permite extrair açúcares da celulose, presente na palha e bagaço da cana-de-açúcar, e convertê-los em etanol.
"Esse é uma espécie de Projeto Apollo brasileiro", disse Marco Aurélio Pinheiro Lima, diretor do CTBE, ao apresentar o projeto do centro na Reunião Anual. Segundo ele, o primeiro prédio do centro deve ficar pronto em maio do ano que vem, mas a idéia é iniciar os trabalhos imediatamente.
O primeiro passo é formar recurso humano na área, pois o Brasil, segundo Pinheiro Lima, ainda não tem a expertise necessária para desenvolver todo o processo de produção de etanol celulósico.
Nesse sentido, o centro conta com apoio da Fapesp, que irá financiar a formação de jovens pesquisadores na área de etanol, sob orientação de pesquisadores seniors. Os jovens que forem selecionados começarão a trabalhar em universidades paulistas e serão transferidos para o centro assim que ele dispor da infra-estrutura necessária.
Para formar um corpo de pesquisa competente, o centro também irá convidar pesquisadores estrangeiros com expertise no campo para fazer parte do projeto e pretende criar uma rede de laboratórios agregando os institutos brasileiros dedicados à pesquisa para a produção de etanol.
O CTBE pretende também acolher a indústria, desenvolvendo projetos tecnológicos do setor e garantindo a proteção dos processos desenvolvidos.
"Não estamos construindo um centro que vai estar apenas preocupado com o desenvolvimento acadêmico, nós temos que construir isto junto com a indústria que já existe", disse Pinheiro Lima.
Dos R$ 69 milhões necessários para a construção do centro, R$ 40 milhões já foram garantidos pelo MCT. "É o suficiente para iniciarmos o centro", disse Pinheiro Lima.
Para concluir sua construção e manter um orçamento anual de R$ 43 milhões, com um quadro de cerca de 100 pesquisadores, o centro irá buscar parcerias e o apoio das agências de fomento brasileiras.
"Sem recursos, tudo isso é ilusão", disse o diretor do centro. Nós somos líderes do assunto etanol, mas até a primeira geração era uma corrida de um homem só. Agora, o cenário é internacional."