A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a IBM e a USP (Universidade de São Paulo) anunciaram o início das atividades do C4AI (Centro de Inteligência Artificial). Apoiado pela Fapesp, no âmbito do Programa CPE (Centros de Pesquisa em Engenharia), o Centro será dedicado ao desenvolvimento de estudos e à pesquisa de ponta em inteligência artificial para endereçar temas de grande impacto social e econômico.
O C4AI será sediado no prédio do Centro de Pesquisa e Inovação InovaUSP, localizado campus da USP, em São Paulo, e contará também com uma segunda unidade para capacitar estudantes e profissionais no ICMC (Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação), no campus da USP em São Carlos, com início das atividades previsto para fevereiro de 2021.
INVESTIMENTO
A Fapesp e a IBM reservarão, cada uma, R$ 2 milhões anualmente nos próximos cinco anos para implementar o programa do centro, que contará com avaliações periódicas das atividades. Em contrapartida, a USP investirá R$ 4 milhões por ano em instalações físicas, laboratórios, professores, técnicos e administradores para gerir a unidade, entre outros custos. “O início da operação do Centro de Inteligência Artificial representa a continuidade de um acordo firmado entre a Fapesp e a IBM em 2016, e faz parte de um esforço contínuo da Fundação em promover parcerias em pesquisa entre universidades e empresas”, disse Luiz Eugênio de Mello, diretor científico da Fapesp, durante a cerimônia online de lançamento do Centro. “Apesar de no estado de São Paulo já existir uma boa interação entre universidades e empresas, é possível avançar ainda mais nesse sentido”, avaliou Mello.
O C4AI terá foco inicial em cinco grandes desafios relacionados à saúde, meio ambiente, cadeia de produção de alimentos, futuro do trabalho e no desenvolvimento de tecnologias de processamento de linguagem natural em português do Brasil, procurando maneiras de melhorar o bem- -estar humano e apoiar iniciativas para diversidade e inclusão. Em paralelo, três comitês de acompanhamento serão criados para promover temas de interesse comum do país, com foco na indústria, ciência e sociedade. Os comitês visam ampliar esses cinco desafios iniciais e conferir a eles uma aplicação real que seja útil para as empresas e a sociedade brasileira. “Procuramos identificar problemas que são estratégicos para o Brasil, para os quais pesquisa brasileira pode fazer diferença e que os pesquisadores da IBM podem contribuir e que o país tem massa crítica para abordar”, disse Fabio Cozman, professor da USP e diretor do centro.
TEMAS DE PESQUISA
Na área agrícola, o objetivo das pesquisas será desenvolver e aplicar modelos de correlação avançados para a tomada de decisão baseada na causa e efeito, abordando questões como o desperdício de água e de alimentos. Na área ambiental, os pesquisadores combinarão aprendizado de máquina com conhecimento simbólico para abordar perguntas complexas sobre a Amazônia Azul, vasta região do oceano Atlântico, na costa brasileira, rica em biodiversidade e recursos energéticos, e sobre o ecossistema marinho. Uma das perguntas que pretendem responder, por exemplo, é o que causou o aparecimento de manchas de óleo na costa do Nordeste do Brasil em 2019. Já no setor da saúde será realizado um estudo em duas frentes de pesquisa. A primeira terá o objetivo de melhorar o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação de pacientes que sofreram AVC (Acidente Vascular Cerebral) por meio de técnicas de análise de redes complexas em dados multimodais.
A segunda terá como foco investigar formas de melhorar a escolha de protocolos de reabilitação em casos de AVC. Outro objetivo será habilitar o processamento de linguagem natural de alto nível para o português do Brasil, assim como já existe para outros idiomas, com o intuito de aprimorar os serviços de atendimento ao cliente, o treinamento de assistes virtuais, o monitoramento de redes sociais, bem como possibilitar a análise e a extração de conhecimento de grandes fontes de dados.