Em uma sala refrigerada do Centro de Estudos do Genoma Humano (CEGH) na USP repousam 20 mil amostras de DNA de pessoas com doenças neuromusculares.
Essa quantidade, que continua a crescer, é um dos trunfos do centro no estudo dessas doenças que atingem atualmente 200 mil brasileiros e que a cada ano 500 novos casos são diagnosticados somente no CEGH.
O outro é a interação com a população que vai ao centro em busca de um diagnóstico ou de um aconselhamento genético.
'O fato de ter contato direto com o paciente e a família dele é uma vantagem. Você se envolve com a vida, com o sofrimento dessas pessoas', comenta a coordenadora do centro, a geneticista Mayana Zatz.
E completa: 'Essa interação também faz com que se encontrem famílias que são casos, interessantes para pesquisa.'
Mas, nada disso funcionaria sem 'inspiração-aspiração-transpiração' das 100 pessoas do centro (10 pesquisadores e professores, além de 90 alunos) que tem orçamento anual de R$ 1 milhão.
Os alunos têm um papel além do usual na qualidade da pesquisa e do atendimento feito no local. 'Eles participam do aconselhamento genético. Vêem o quanto as pessoas esperam deles, a responsabilidade que é fazer esse tipo de trabalho', comenta Mayana.
A responsabilidade se estende também a outros setores da sociedade.
'Quando você faz um estudo molecular, ele tem um impacto violento na vida da família e também pode evitar, por exemplo, altos custos futuros para o Estado se há um diagnóstico precoce de uma doença desse tipo', afirma Mayana.
Atualmente o CEGH atende 2 mil pessoas por ano, mas espera ampliar o trabalho. 'Queremos que o Sistema Único de Saúde (SUS) pague para os pacientes de outros Estados virem aqui', diz Mayana.
(O Estado de SP, 19/12)
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