Apesar de os números da dengue no estado de São Paulo em 2025 ainda serem menores se comparados com os do mesmo período de 2024, a projeção é de mais um ano epidêmico.
“A situação da dengue não será melhor em 2025, estamos com vírus novo e população mais sensível”, afirmou o secretário estadual da Saúde, Eleuses Paiva , em entrevista à Folha após o Encontro de Gestores do SUS Paulista para apresentação de programas da pasta a prefeitos e secretários municipais. A reunião —fechada para a imprensa— aconteceu nesta sexta (7), no Memorial da América Latina, na Barra Funda , zona oeste da cidade.
Até o meio-dia desta sexta, o estado de São Paulo registrava 73.609 casos confirmados de dengue e 68.491 em investigação. Há 38 mortos pela doença, e 206 óbitos sob investigação. Até esta data, 55 municípios estão com decretos ativos de emergência por dengue
No mesmo período de 2024, o estado tinha 101.121 infecções pela doença e 89 mortes.
“As regiões de Araçatuba, São José do Rio Preto , Araraquara, Presidente Prudente e Bauru estão com níveis epidêmicos. O restante do estado não está tanto assim. Então, qual é a preocupação maior? De casos confirmados e mortes, comparando as semanas epidemiológicas, nós estamos um pouco abaixo. O problema é que isso daí tende a aumentar”, afirmou o secretário.
A maior preocupação, ele acrescenta, diz respeito ao sorotipo 3 da dengue , que avança com mais força neste ano. Em 2024, houve o predomínio dos tipos 1 e 2. O 3 ficou restrito à região noroeste do estado.
“As pessoas que tiveram dengue recentemente, no ano passado, continuam sensíveis ao sorotipo 3 , e a possibilidade de ter a forma grave da doença aumenta. Se não houver uma política muito adequada, o número de óbitos será grande”, continuou Paiva.
No encontro com os gestores, os municípios foram orientados a reforçar o combate ao mosquito eliminando os criadouros do Aedes aegypti —transmissor de dengue, zika e chikungunya —, a incentivarem o diagnóstico precoce e a darem o tratamento adequado, que é a hidratação.
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“As pessoas precisam entender que aquele mosquitinho que ninguém dá bola, mata. Vamos iniciar uma campanha na televisão, ampliar o tempo nas unidades básicas, aumentar as cadeiras para hidratação. Vamos aproveitar toda a parte ambulatorial e começar precocemente a tratar esses casos”, disse.
O estado repassou R$ 228 milhões aos municípios para o combate às arboviroses, especialmente a dengue. Em 2024 o investimento foi de R$ 200 milhões.
Outra medida pretendida, segundo o secretário, é o termo de ampliação em até 20% da rede hospitalar nos locais com maior número de casos. “O que nós queremos? Diagnóstico precoce, tratamento na rede ambulatorial. Para os casos graves de dengue e com sinal de alarme nós termos respaldo na rede hospitalar, com UTI. O que vai resolver o problema? O dia que tivermos a vacina no braço. Aí nós acabamos com isso”, reforça.
A expectativa é pela aprovação da Butantan-DV pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Se for autorizada, será a primeira vacina contra a dengue em dose única.
“Nós estamos deixando praticamente um prédio voltado como fábrica só de vacina, para a produção. Esse ano, no máximo, acho que um milhão [de doses]. Mas nós estamos programados para 2026 e 2027 mais de 100 milhões de doses.
O encontro
O encontro reuniu mais de 1.000 prefeitos e secretários municipais de Saúde. O evento teve o objetivo de alinhar os programas da pasta e discutir melhorias para o SUS (Sistema Único de Saúde). A regionalização da saúde, as arboviroses, a tabela SUS paulista, saúde digital e incentivo à gestão municipal foram alguns dos assuntos debatidos.
Segundo Eleuses Paiva, a ampliação de recursos para ações regionais pode fortalecer especialidades como cardiologia, oncologia e ortopedia —a secretaria tem uma demanda grande para prótese de joelho, quadril e coluna.
Recentemente, o Governo de São Paulo anunciou o reajuste nos valores de 158 procedimentos da Tabela SUS Paulista para 2025. A medida terá um impacto de mais de R$ 134 milhões e vai beneficiar áreas como diagnóstico e tratamento do câncer de mama, procedimentos ortopédicos, exames e consultas especializadas, e diárias de pacientes de longa permanência.
O secretário de Saúde Pública de Praia Grande , José Isaías Costa Lima, reforçou a importância das discussões técnicas para aproximar o estado dos municípios. Para o gestor, o encontro foi significativo por mostrar as ações do estado na área, potencializar o conhecimento e gerar expectativas de inserção de novos recursos para a melhoria da assistência na região.
Para a secretária municipal de Saúde, Amanda Mailio, momentos como esse encontro são fundamentais para buscar novas soluções e garantir melhorias concretas na saúde pública.
Na opinião do prefeito de Paraguaçu Paulista, Antian Sasada, a participação no evento é estratégica para fortalecer parcerias, garantir avanços na área da saúde municipal, dialogar com gestores de todo o estado e conhecer iniciativas bem-sucedidas que podem ser implantadas no município.
Informação
Folha de São Paulo