O jurista, escritor, ensaísta e ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer tomou posse na última sexta-feira na cadeira n° 14 da Academia Brasileira de Letras (ABL), em sessão solene que contou com a participação do governador de São Paulo, Cláudio Lembo e do governador eleito do estado, Jose Serra, além do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello.
"A eleição de Lafer e o coroamento de uma dedicação exemplar as letras. O ministro — ainda o considero assim — é professor de mestres que hoje se destacam na vida pública", ressaltou Mello.
O mais novo acadêmico foi recebido pelo advogado, jurista, professor e historiador Alberto Venâncio Filho, na sessão dirigida pelo acadêmico Marcos Vilaça, presidente da ABL.
"Lafer é uma grande personalidade brasileira, a expressão singular de um homem de pensamento Curiosamente, esta cadeira sempre foi ocupada por professores Algo que deve ser destacado também é que, pela primeira vez em 10 anos, a Academia está completa, agora temos 40 academicos", disse Vilaça.
Eleito em 21 de julho de 2006 na sucessão de Miguel Reale — tratadista de Direito e professor que ocupou a cadeira durante 31 anos (1975 a 2006), até sua morte, em 14 de abril deste ano - Lafer é o quinto ocupante da cadeira 14, fundada por Clóvis Bevilaqua, que escolheu como patrono Franklin Távora. Eleito com 35 votos no primeiro escrutínio, ele obteve 16 votos além dos 19 (maioria absoluta) que seriam necessários.
"Ser aceito pela Academia é uma manifestação de caminho e reconhecimento. Considero este ingresso uma oportunidade de participar de uma comunidade acadêmica e também de uma política da língua e da cultura", ressaltou o mais novo imortal.
Paulistano, nascido em 7 de agosto de 1941, Lafer exerceu o cargo de ministro de Estado das Relações Exteriores em 1992 e, nesta condição, atuou com o vice-presidente ex-officio da Conferência da ONU sobre Meio-Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92 De 1995 a 1998, foi embaixador-chefe da Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas e a Organização Mundial do Comércio (OMC) em Genebra Em 1996, Lafer foi presidente do Órgão de Solução de Controvérsias da OMC e, em 1997, presidente do Conselho Geral da mesma instituição, onde presidiu, no ano seguinte, o panel índia — Quantitative Restrictions on Imports of Agricultural, Textiles and Industrial Products.
Em 1999, foi ministro de Estado do Desenvolvimento, Industria e Comércio.
Doutor honoris causa da Universidade de Buenos Aires (2001) e da Universidade Nacional de Cordoba, Argentina (2002), recebeu, em 2001, o Prêmio Moinho Santista na área de Relações Internacionais O jurista atualmente é membro-titular da Academia Brasileira deCiências, eleito em 2004 e professor-titular do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Universidade de São Paulo (USP), onde também já foi chefe do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito de 1992 a 1995 e de 2003 a 2005.
Lafer é presidente do Conselho Deliberativo do Museu Lasar Segall, co-editor, ao lado de Gilberto Dupas, da revista Política Externa, e coordenador, desde junho de 2006, da Área de Concentração em Direitos Humanos da Faculdade de Direito da USP Alem disso, integra, desde 2003, o Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e é, desde 2002, membro da Cone Permanente de Arbitragem Internacional de Haia.
"Ele é uma das figuras mais representativas da cultura jurídica do País. Independente disto, é um grande humanista e, no atual momento que vivemos, precisamos de pessoas como Lafer, que acreditam nos valores da democracia e da liberdade", completou o governador de São Paulo, Cláudio Lembo
Notícia
Jornal do Commercio (RJ)