Por Eduardo Geraque, de Florianópolis
Estudos divulgados durante o Congresso Brasileiro de Microbiologia, que terminou quinta-feira (20/11) em Santa Catarina, mostraram que o microrganismo está presente tanto em comunidades urbanas como em rurais, seja em populações de brancos, índios ou negróides.
"Em Belém, a ocorrência média registrada foi de 53,7%", disse Marluísa Ishak, do Laboratório de Virologia do Departamento de Parasitologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, à Agência FAPESP. O grupo de pesquisa paraense estuda, há algumas décadas, não apenas a Chlamydia, mas também a ocorrência de hepatite B e de HIV entre as populações amazônicas.
Entre os indígenas, a situação, em algumas regiões, chega a ser até pior, segundo os dados obtidos pelos pesquisadores. No Maranhão, na comunidade Awá-Guajá, a ocorrência da bactéria chegou a 91%.
De modo geral, segundo Marluísa, a Chlamydia foi verificada em todas as faixas etárias das populações examinadas. A ocorrência aumentou, de forma gradativa, dos mais jovens aos mais adultos. Apesar do grupo de pesquisadores ter se dedicado apenas aos testes sorológicos - não foram feitos estudos clínicos, por exemplo - a ocorrência da bactéria chega a causar preocupação.
Em alguns países africanos, segundo relatos anteriores, cerca de 20% dos adultos acima dos 60 anos desenvolveram cegueira por causa de infecções provocadas pela bactéria. Normalmente relacionado à falta de higiene, a forma mais comum de entrar em contato com a Chlamydia é por meio de relações sexuais.
De acordo com Marluísa, o estudo realizado no Pará, que investigou uma área de três milhões de quilômetros quadrados, obtendo mais de cinco mil amostras, é uma ferramenta importante para se conhecer a ocorrência desse microrganismo na Amazônia e no país.
"Pela primeira vez, conseguimos identificar um sorotipo da bactéria que nunca havia sido encontrado fora da África e do Oriente Médio", disse. As conseqüências da Chlamydia, que também pode causar problemas respiratórios e cardíacos, estão mais perto do que parece. A rápida circulação da bactéria também ajuda a agravar a situação, segundo os cientistas da UFPA.
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