A CCR Via Oeste e CCR RodoAnel realizarão uma nova edição do Encontro de Relacionamento, com a palestra “Muito além da Economia Verde”, ministrada pelo Professor Ricardo Abramovay, no dia 13 de novembro, às 8h30, na Sede da ViaOeste, localizada na Rodovia Castello-Branco, Km 24 – sentido São Paulo (ao lado da Casa do Usuário).
Na ocasião será servido um café da manhã antes da palestra, que abordará os novos olhares sobre as questões de sustentabilidade adotadas pelas empresas brasileiras.
O encontro é terceiro realizado este ano e tem como foco trazer temas atuais e extremamente relevantes para os diversos públicos de relacionamento dos municípios lindeiros às rodovias administradas pelas duas concessionárias.
O sociólogo Ricardo Abramovay é autor do livro Muito Além da Economia Verde, o primeiro com o selo do Planeta Sustentável.
Também é professor titular do Departamento de Economia da FEA e do Instituto de Relações Internacionais da USP, além de coordenador do Projeto Temático FAPESP sobre Impactos Socioeconômicos das Mudanças Climáticas no Brasil.
A Economia Verde, segundo Abramovay
Como é um termo relativamente novo, as definições são as mais variadas. Por exemplo, para José Eli da Veiga, a definição inicial de economia verde é melhoria do bem-estar, redução das desigualdades, sem aumento da pegada ecológica. É uma boa síntese.
Fundamentalmente, ela engloba três dimensões. A primeira é o processo de transição das energias fósseis para as renováveis. Não é possível conceber que a economia deixe de ser marrom para ser verde se continuar dependente de petróleo, carvão e gás. Então, intuitivamente, é a mudança na base energética da economia contemporânea. Por mais que as energias renováveis estejam se desenvolvendo, ainda é pouco e o peso das fósseis é tão dominante que, mesmo que esse crescimento seja imenso, o século 21 ainda será dos combustíveis fósseis.
As mais promissoras são a solar, a eólica, a geotérmica e os biocombustíveis modernos, não esterco, lenha e carvão, com o que se cozinha no interior da Índia e da China. Isso é energia renovável, mas é a coisa mais atrasada que existe, provoca doença. O que há de energia renovável moderna é menos de 1% da matriz energética mundial.
E o pior é que cada vez mais se investe no que já existe na economia para amortizar o que se investiu, em postos de gasolina, gasodutos, oleodutos, poços de petróleo etc. Mais tempo se persistirá no que está sendo feito, e isso dificulta a emergência das novas formas de energia.
Então, já que ainda teremos de contar com fontes fósseis, a segunda dimensão é a ecoeficiência – melhorar o uso dos materiais, da energia, dos recursos bióticos nos quais a economia, a oferta de bens e serviços se apoiam.
E a terceira dimensão é a transição da economia da destruição da natureza para a economia do conhecimento da natureza. Hoje os principais biomas do mundo, sobretudo nos países tropicais, são usados sob a lógica da destruição, a Floresta Amazônica, a caatinga, o cerrado, as savanas africanas. Isso se exprime no fato de que a Amazônia é hidroeletricidade, commodities agrícolas, commodities de minerais. É preciso transitar disso para uma economia de utilização sustentável dos produtos e dos serviços da floresta em pé. Usar os recursos com maior eficiência é a ideia central da economia verde.
(trecho extraído de uma entrevista escrita por Rose Spina, publicada em 20/06/2012, no site da Fundação Perseu Abramo)
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