As mulas chegaram ao Brasil na época da colonização. Elas foram trazidas da Europa e ganharam reconhecimento por serem mais rústicas no trato em comparação com o cavalo e por terem uma passada mais macia para quem monta.
Por ser uma espécie híbrida, resultado do cruzamento do jumento com a égua, a mula é estéril. Mas apesar de não conseguir se reproduzir, entra no cio e, nessa fase, o comportamento dela muda.
Altamiro Rosan lida com mulas há mais de 15 anos e diz que, durante o período de cio, elas ficam muito estressadas, sensíveis e tentam fugir constantemente. Para mudar isso, uma equipe da Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp de Botucatu (SP) desenvolveu um estudo que está facilitando a vida de quem convive com as mulas.
(Vídeo: veja a reportagem exibida no programa em 27/8/2017)
O professor Celso Rodrigues é o coordenador do trabalho. O especialista explica que uma solução eficiente é a castração que, nesse caso, significa a remoção dos ovários, órgão em que os hormônios sexuais são produzidos.
A equipe da Unesp fez uma parceria com um grupo de óptica da USP de São Carlos, que desenvolveu equipamentos específicos para a cirurgia de retirada dos ovários. O projeto recebeu apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
A técnica utilizada pelo grupo é a vídeocirurgia. Durante o procedimento, três pequenos furos são feitos no corpo do animal. A pelagem não é modificada depois da cirurgia e o bicho não perde valor de mercado.
O animal pode voltar às atividades normais em um mês. Outra vantagem é que o equipamento cirúrgico pode até ser levado para a propriedade rural, desde que as condições do local permitam o trabalho. Oito mulas já foram esterilizadas e todas responderam bem ao pós-operatório.
Wagner Castro Conceição tem um sítio de 16 hectares. Ele é dono da Morgana, uma mula que passou pelo procedimento, e diz que toda vez que ela entrava no cio, o transtorno era grande. Depois da castração, o comportamento mudou, para alegria do criador.
Reprodução do site G1