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Jornal da Tarde

Castelo investiga os nevoeiros (1 notícias)

Publicado em 24 de maio de 2009

Por Bárbara Souza

Há um ano, a Rodovia Castelo Branco, que liga a capital ao oeste do Estado, registrou engavetamento no quilômetro 54 envolvendo ao menos 30 veículos, que deixou 14 feridos. Foi o maior acidente da história da Castelo no trecho concedido à ViaOeste. Apontada como causa do acidente, a neblina recorrente nesse trecho está sendo estudada cientificamente.

Embora saibam que o nevoeiro provavelmente jamais deixará de existir, até pela geografia da região, cercada por lagos e vegetação, pesquisadores querem descobrir por que ele está se formando com mais intensidade.

Há duas semanas, coletores de nevoeiros instalados nesse trecho e no quilômetro 46 da Raposo Tavares, também sob administração da Viaoeste, estão captando a água dessas formações. O período escolhido não é por acaso: é nesta época do ano que os nevoeiros começam a se formar com mais frequência em ao menos três trechos da Castelo – nos outros dois, sob administração das Concessionárias Colinas e SPVias, não são pesquisados.

O objetivo da pesquisa é descobrir se substâncias químicas emitidas pelas indústrias da região do km 54 contribuem para sua formação e seu aspecto mais escurecido. O estudo ainda deve apontar quais são os poluentes. “De uns anos para cá, observamos que os nevoeiros se intensificaram, talvez por existir um polo industrial nesta região”, diz o gestor de Interação com o Cliente da ViaOeste, Fausto Camelotti.

O estudo é feito pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), com apoio financeiro de R$ 50 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp). Os coletores, que custam US$ 7 mil cada, foram construídos pelo professor Jeffrey Collet, da Colorado State University, dos Estados Unidos.

O material coletado será analisado periodicamente pelo Laboratório de Processos Atmosféricos do IAG/USP e também pela Universidade de Viena. “Se for constatada a presença de poluentes, as indústrias químicas têm de instalar filtros específicos, como ocorreu na França, diz o professor Fábio Gonçalves, do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP e coordenador da pesquisa.

Os coletores permanecerão nos dois trechos até 2010. Depois, serão levados para o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, na zona sul da capital.

Se os dados preliminares a ser divulgados ainda este ano apontarem a existência de produtos químicos, a ViaOeste pretende convidar as empresas da região para buscar medidas que reduzam a emissão de poluentes.

A ViaOeste deve ainda convidar outras concessionárias a conhecer o estudo e, talvez, adotá-lo em suas rodovias.

Além de tentar remediar a ocorrência do nevoeiro, o estudo também vai mapear a frequência com que ele ocorre nesses trechos e, a partir disso, acrescentar novas medidas de prevenção de acidentes às que já são adotadas pela concessionária, como a operação comboio, a melhora da sinalização e monitoramento dos trechos por câmeras.