O número de casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus, causador da Covid-19, no Brasil aumentou 71,82% - de 252 para 433 -, divulgou nesta segunda-feira, 2, o Ministério da Saúde. O País segue com dois casos confirmados, de um homem de 61 anos e outro de 32, os dois de São Paulo.
Das notificações suspeitas, 162 foram descartadas. A maioria dos casos suspeitos está em São Paulo, com 163, em seguida vem Rio Grande do Sul, com 73, e em terceiro, Minas Gerais, com 48. No mundo, foram 87.137 casos confirmados, sendo 1.739 novos. Os casos estão em 58 países, com cinco novos. O número de mortes chegou a 2.977.
O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Wanderson de Oliveira, pontuou que há casos confirmados em todos os continentes.
Genomas diferentes
Em menos de 48 horas após o registro do segundo caso de brasileiro infectado com coronavírus, uma equipe de pesquisadores brasileiros conseguiu novamente sequenciar o genoma do vírus. São os mesmos cientistas que tinham feito o primeiro sequenciamento, num procedimento que deve virar rotina para a epidemia.
E a nova análise mostra que o patógeno do segundo caso é levemente diferente do primeiro. Pela conclusão, o primeiro tinha se assemelhado mais com vírus que haviam sido sequenciados na Alemanha. Já o segundo se aproxima mais de vírus sequenciados na Inglaterra. E ambos são diferentes das sequências chinesas.
Nos dois casos, porém, os pacientes foram contaminados na Itália, mas como cientistas italianos ainda não apresentaram os sequenciamentos dos vírus que estão no país, a comparação não pôde ser feita com o material de lá.
De acordo com a pesquisadora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da USP, que compõe os esforços de sequenciamento junto com pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e da Faculdade de Medicina da USP, essas variações confirmam que a transmissão interna entre os países da Europa já está bem estabelecida.
“A epidemia já está há algum tempo na Europa e já passa de um país a outro. Mas nesse momento ainda não conseguimos saber se ela foi da China para a Alemanha e a Inglaterra e de lá para a Itália ou se foi para a Itália e de lá foi para a Inglaterra", por exemplo.
Ela explica que a cada mês que passa o vírus sofre uma mutação e fica com uma espécie de código da região por onde passou, mostrando o seu caminho.
“Ainda é arriscado inferir muita coisa com apenas dois genomas, mas o que podemos dizer é que os dois casos não tiveram a mesma fonte de contaminação. Isso é importante para os epidemiologistas rastrearem a dinâmica da doença", explica Claudio Sacchi, do Instituto Adolfo Lutz, que coordena os trabalhos.
Ele afirma, no entanto, que os próximos sequenciamentos não devem ser tão rápidos. Para analisar os dois com um tempo tão curto - o primeiro havia sido apresentado na sexta e já no sábado os pesquisadores receberam a segunda amostra - ele conta que os cientistas quase não dormiram.
“Foi importante porque eram os primeiros e a gente mostrou que temos capacidade, mas a partir de agora o trabalho deve ser mais sereno. Até porque não precisa ser tão rápido assim. Aqui nós analisamos sarampo também, que teve a primeira morte do ano em São Paulo", explica.
O trabalho faz parte do projeto Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde), apoiado pela Fapesp e pelo Medical Research Centers, do Reino Unido, que desenvolve novas técnicas para monitorar epidemias em tempo real e oferecer pistas para responder o problema.
EUA: 91 casos confirmados
De acordo com uma atualização publicada no site dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), os Estados Unidos têm 91 casos de coronavírus. Desses, 16 foram confirmados pelo órgão, 27 foram detectados por laboratórios regionais, três são de americanos repatriados da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto, e 45 são de cidadãos dos EUA que estavam no cruzeiro Diamond Princess, que ficou em quarentena no litoral do Japão.
Dos casos confirmados pelo CDC, quatro são de transmissão interna, de pessoa para pessoa, nos EUA. Ou seja, são pacientes que não têm histórico recente de viagens e não entraram em contato com alguém que tenha viajado. Já dos casos detectados por laboratórios regionais, 22 são considerados transmissão interna.