A poluição dos rios e a falta de eficiência na gestão de recursos hídricos são problemas recorrentes das grandes cidades. Com anos de pesquisas acadêmicas no tema, os engenheiros Alisson Carmo e Nariane Bernardo decidiram fundar a Inspectral, startup especializada em monitoramento ambiental e sensoriamento remoto. O negócio tem o objetivo de aumentar a eficiência na análise de bacias hidrográficas no país.
“Durante pesquisas na época acadêmica, a gente percebeu que faltavam no mercado soluções tecnológicas que a ciência já tinha como contribuir, mas que ficavam presas dentro de pós-graduações e congressos científicos”, afirma Alisson Carmo, CEO da Inspectral.
Fundada em 2019, a empresa com sede em Presidente Prudente (SP) surgiu unindo os conhecimentos do casal nas áreas de tecnologia e meio ambiente. Usando câmeras multiespectrais embarcadas em satélites e drones, a startup consegue medir parâmetros de qualidade da água.
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As câmeras utilizadas para esses registros conseguem captar mais de 14 bandas espectrais que são invisíveis ao olho humano. Após o registro das informações, o próximo passo é analisar como funciona a interação da luz com a matéria, utilizando algoritmos e inteligência artificial.
A empresa já mapeou mais de 60 mil hectares de superfície com água. “Se fizerem uma campanha de campo para trazer amostras, com pessoas se deslocando e usando barcos para analisar essa quantidade de área, seria um custo logístico altíssimo, de pelo menos 10 a 20 vezes o que nós temos”, diz Carmo. O tíquete médio do serviço da Inspectral varia conforme a área – até agora, a empresa já fez monitoramentos que custaram de R$ 6 mil a 70 mil.
O empreendedor afirma que o monitoramento por satélite é capaz de cobrir áreas maiores que o sistema tradicional, além de agilizar tomadas de decisão. “O método convencional precisa coletar água, levar para o laboratório e esperar análises que demoram. Com a nossa tecnologia temos a informação quase em tempo real.”
Os primeiros clientes da empresa foram companhias que gerenciam usinas hidrelétricas e precisavam de informações sobre a quantidade de macrófitas, plantas aquáticas que crescem e se multiplicam nos reservatórios. Para evitar prejuízos, gestores de usinas precisam verificar o deslocamento e o crescimento dessas plantas.
A tecnologia também atraiu atenção de alguns players do agronegócio para detecção de espécies exóticas e doenças em áreas de plantio. “Utilizando inteligência artificial conseguimos descobrir se existiam pinus ou eucaliptos, dada a preocupação do cliente para identificar se não havia infestação dessas árvores na área. Na agricultura, estamos fazendo um projeto muito interessante na soja, trabalhando na detecção de doenças”, afirma Carmo.
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O último avanço foi oferecer a tecnologia para indústrias que realizam a captação de água e assumem responsabilidades com a gestão hídrica. Com a iniciativa, em março, a startup venceu o prêmio Aceleradora 100+, da Ambev, e recebeu R$ 100 mil. Antes, já havia recebido um aporte de R$ 1,2 milhões da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Em 2021, ano de consolidação, a empresa faturou R$ 100 mil. O valor já foi superado em 2022, com um faturamento de R$ 300 mil nos primeiros cinco meses do ano. De acordo com Carmo, o plano é utilizar a quantia para desenvolver ainda mais o produto e formar um time de vendas.
Este conteúdo foi desenvolvido pela Revista Pegn. Leia mais matérias sobre meio ambiente sob a ótica da Pegn em UmSóPlaneta.
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