“O objetivo do nosso projeto é tirar o foco da doença e colocá-lo na saúde da criança, com base nas necessidades e competências da família”, disse Anna Maria Chiesa, professora da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP), na divulgação dos resultados do projeto “Promoção de melhorias na atenção primária à saúde com foco no desenvolvimento infantil: fortalecendo os profissionais e as famílias”, feito em parceria pela EE-USP (Escola de Enfermagem), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.
O programa capacitou e acompanhou um grupo de trabalhadores e trabalhadoras da Estratégia Saúde da Família (ESF) em seis Unidades Básicas de Saúde, na zona oeste de São Paulo, objetivando melhorar o cuidado, as condições de saúde e o desenvolvimento de crianças de até 3 anos.
Anna Maria ressalta que práticas como a puericultura, focada no acompanhamento integral do processo de desenvolvimento da criança, têm perdido espaço entre os profissionais do serviço público, uma vez que as famílias buscam auxílio quando a criança apresenta alguma doença e deixam de comparecer às consultas de acompanhamento. A falta de tecnologias e capacitação também é um fator que agrava este quadro.
Para sanar este déficit, pesquisadores criaram a cartilha “Toda hora é hora de cuidar”, direcionada às famílias. Além de trazer uma ficha de acompanhamento, a cartilha apresenta conceitos e competências para o desenvolvimento infantil que transcendem a questão da saúde, como cuidados de higiene, prevenção de acidentes e violência, brincadeira, amor e segurança.
O projeto, que já capacitou 312 profissionais, entre médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde , visa também trabalhar de forma integrada com outros setores, como os Conselhos Tutelares, para tratar de casos graves de abusos, maus-tratos e violências, que acontecem de forma preponderante no ambiente doméstico.
A necessidade do enfoque na família se justifica no cenário atual da educação infantil em São Paulo, onde apenas 23% das crianças com até 3 anos estão matriculadas em creches, tanto públicas como privadas.
Da Agência Fapesp