Pessoas infectadas pelo SARS Cov-2 podem ter complicações graves no coração, tanto na fase aguda da doença, como também nos primeiros meses da recuperação, após a alta hospitalar.
Embora o coronavírus ataque principalmente os pulmões, estudos e pesquisas descobrem ao longo do tempo a respeito de sequelas, como problemas cardíacos ou doenças renais que podem se desenvolver até meses após a recuperação da infecção.
A doença pode causar principalmente danos ao coração e a circulação relacionados ao grande processo inflamatório que a covid traz. As principais complicações são: miocardite, infarto do miocárdio e trombose venosa profunda com suas complicações.
De acordo com o cardiologista Luiz Augusto Possi Júnior, desde o começo da pandemia pesquisadores publicam nas grandes revistas matérias sobre o tema e explica que a covid-19 pode evoluir para uma miocardite ou infarto e pode ter como sequela insuficiência cardíaca e arritmias graves.
“A Covid é uma doença inflamatória e em algumas pessoas, pode provocar complicações como a miocardite e com isso, o grande risco é que o quadro pode se agravar e apresentar alguma arritmia cardíaca. De uma maneira geral, algumas alterações relacionadas a doenças do coração provenientes da covid-19 podem estar relacionadas a trombose, infarto e a miocardite. Como consequência, complicações cardiológicas maiores podem acontecer, o que aumenta o risco do paciente apresentar arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca”, explica o cardiologista.
Essa trambém foi a cconclusão de um estudo recente da Universidade Estadual Paulista (Unesp) indica que mesmo a infecção leve a moderada pelo coronavírus pode provocar desequilíbrios no sistema cardiovascular de adultos jovens e sem doenças preexistentes. O trabalho teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), acompanhou indivíduos entre 20 e 40 anos antes da vacinação.
Para o estudo, os pesquisadores recrutaram pacientes infectados após teste RT-PCR e infecção com sintomas leves a moderados em Presidente Prudente, município no interior de São Paulo com cerca de 231 mil habitantes e que, até o fim de fevereiro, registrava 39.049 casos confirmados de Covid-19 e 982 mortes,Um grupo de pessoas saudáveis também foi selecionado por idade para comparação. No total foram avaliadas 57 pessoas, sendo 38 consideradas no resultado final.
Os pesquisadores realizaram a medição do índice de massa corporal (IMC), além da avaliação do sistema nervoso autônomo por meio da variabilidade da frequência cardíaca.O principal achado foi que, mesmo em infecções leves e moderadas, adultos jovens contaminados pelo SARS-CoV-2 apresentaram: maior atividade simpática (sistema que ajusta o organismo para suportar situações de perigo, esforço intenso e estresse); menor atividade parassimpática (responsável por fazer o corpo se acalmar após uma situação de estresse) e variabilidade global quando comparados aos indivíduos não infectados.O que demonstra que no grupo pós-Covid houve aumento da frequência cardíaca.
Outro estudo publicado em agosto do ano passado pela Universidade Estadual Appalachian, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, apontou que adultos jovens em recuperação da doença apresentaram desregulação autonômica. Porém, o trabalho utilizou um método invasivo, enquanto a pesquisa brasileira adotou uma forma de avaliação mais simples, barata e não invasiva.
À época, a conclusão foi de que houve um impacto fisiológico prolongado da infecção por SARS-CoV-2, com duração de dois a três meses, na frequência cardíaca em repouso, o que pode refletir a disfunção autonômica. Os achados foram atribuídos ao aumento do estado de inflamação gerado durante a infecção.