O estudo foi publicado na revista Cancer Research, uma importante publicação científica da área oncológica.
A injeção de quantidades pequenas do vírus zika no encéfalo dos camundongos com estágio avançado de tumores resultou em um incrível resultado: a redução significativa da massa do tumor e um aumento da sobrevida das cobaias. Resultado: os tumores regrediram em 20 dos 29 animais “tratados” com o vírus. Em sete deles, o tumor foi eliminado totalmente. O vírus Zika foi igualmente eficaz contra as metástases, ao eliminar um segundo tumor ou inibir o seu desenvolvimento.
“Nossos estudos e de outros grupos mostraram que o vírus zika causa microcefalia porque infecta e destrói as células-tronco neurais do feto, impedindo que novos neurônios sejam formados”.
É a primeira vez, segundo um comunicado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que se demonstra em experiências em ratinhos que o vírus Zika pode ser usado como uma arma para tratar cancros agressivos do sistema nervoso central. “Estamos muito animados com a possibilidade de testar o tratamento em pacientes humanos e já estamos conversando com oncologistas”, diz Mayana Zatz, professora do Instituto de Biociências da USP. A infecção pelo vírus Zika transmite-se aos humanos pela picada de um mosquito e tem sido associada a microcefalia (tamanho do cérebro e da cabeça mais pequeno) em fetos e recém-nascidos. "Ao infectar a célula tumoral ele a destrói rapidamente", disse um dos pesquisadores.
“Antes, porém, precisamos investigar melhor quais tipos de tumores respondem a esse efeito oncolítico [que destrói as células cancerosas], quais os benefícios do tratamento e quais os efeitos colaterais da exposição ao patógeno”, afirma Okamoto.
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